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desmatamento da amazônia madeireiras
2008-02-08


Sinop ainda não se refez do efeito cascata causado pela Operação Curupira que, em meados de 2005, prendeu dezenas de madeireiros e outros profissionais e fechou parte do setor madeireiro que estaria operando irregularmente. Esse é o entendimento do presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad), José Eduardo Pinto.

O presidente do Sindusmad explica que o setor madeireiro sofreu redução de 40% após a Curupira. Muitos empresários que abandonaram a atividade trabalhavam regularmente e não tinham nenhum tipo de ligação com as denúncias feitas pelo Ministério Público Federal, que desencadeou a tal operação. “(Os empresários que) Saíram simplesmente. Deixaram o setor porque sentiam dificuldades para continuar trabalhando diante da escassez, do preço elevado da matéria-prima e das pressões ambientais”, explica.

Eduardo Pinto diz que os efeitos da Curupira foram tão grandes que a Sotreq – maioral no ramo de tratores no Brasil – fechou suas portas em Sinop, e que a Rondon – líder no segmento de reboques e semi-reboques – construiu uma filial na cidade, mas desistiu de inaugurá-la. “Vivemos a incerteza”, lamenta.

Uma das conseqüências da Curupira foi a demissão de operários do setor madeireiro. “É óbvio que a empresa ao fechar ou reduzir sua atividade tem que demitir”, argumenta e acrescenta que o índice de criminalidade em Sinop aumentou muito após a operação. “O Sindusmad acredita que parte dos roubos e assaltos tem a ver com essa crise, mas não queremos dizer com isso que ex-operários tenham esse tipo de conduta”, ressalva.

Para o Sindusmad o Decreto 6.321 criará fatos negativos para a economia da região. Sinop é centro de beneficiamento e venda de madeira, mas a matéria-prima que alimenta seu parque industrial é oriunda de áreas onde o Inpe detectou supostos pontos recentes de desmatamento.

Não há levantamento confiável, mas estima-se que 70% da população economicamente ativa de Sinop trabalha direta e indiretamente com a madeira. A cidade é pólo de revenda de máquinas, equipamentos e peças para a indústria madeireira da região e no oeste do Pará. Oficinas mecânicas, distribuidoras de combustível, escritórios de engenharia florestal e uma variada gama de outros profissionais e prestadores de serviço dependem quase que exclusivamente do setor madeireiro.

Na área econômica e financeira o setor madeireiro de Sinop se assusta com o decreto baixado pelo presidente Lula da Silva, porque entende que os órgãos ambientais e fundiários não têm capacidade operacional para atender à demanda de regularização por parte dos que forem enquadrados pela nova medida do governo. No campo pessoal madeireiros temem pelo abuso de autoridade durante a fiscalização que será desencadeada pelos 800 militares, policiais e agentes do Ibama que integrarão a tropa de choque federal anunciada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, para entrar em ação no próximo dia 21.

EDUARDO GOMES, Diário de Cuiabá, 08/02


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