Conhecer para preservar. É com esse objetivo que pesquisadores da Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas trabalham no projeto de pesquisa de um dos bichos mais representativos da fauna roraimense: o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga trydactyla).
Abundante no lavrado, a Prefeitura de Boa Vista pretende tornar o tamanduá um símbolo de Roraima como forma de estimular o turismo ecológico e promover a sensibilização da sociedade para a preservação das espécies características deste ecossistema, ameaçadas de extinção pelas queimadas, desmatamento e atropelamentos nas estradas.
De acordo com a secretária municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas, Luciana Surita, o estudo do tamanduá-bandeira é feito por meio de rádio-telemetria, método que utiliza a rádio transmissão para fornecer à distância informações sobre a área de vida do animal, deslocamento, localização, entre outros dados. Estão sendo estudados seis indivíduos, três machos e três fêmeas. Cada um deles recebeu um colete que carrega um pequeno rádio transmissor.
"A rádio transmissão depende de quatro unidades básicas: um transmissor, um receptor e duas antenas, uma para a transmissão e outra para a recepção do sinal. O método nos permite acompanhar constantemente o indivíduo estudado", explica Luciana.
Esta é a primeira vez que um estudo sobre o tamanduá-bandeira é realizado na Amazônia. O projeto é financiado pela Prefeitura de Boa Vista em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), e foi aprovado pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Procedimentos
Os pesquisadores fazem a contenção física do tamanduá com o auxílio de laços e cambões. O animal é anestesiado e são monitoradas as freqüências cardíacas e respiratórias. O estado geral do animal é verificado para detectar a presença de parasitas. Amostras de sangue e de secreções do ouvido foram coletadas e enviadas para o banco de dados do Museu Integrado de Roraima. Peso e medidas morfométricas também são alguns dos dados anotados cuidadosamente.
Após a manipulação e a recuperação dos efeitos da sedação, o tamanduá é solto pelos pesquisadores no mesmo lugar onde foi capturado. A área de estudo é localizada próxima à zona urbana de Boa Vista, logo depois do bairro Cidade Satélite. Os seis tamanduás-bandeira selecionados são monitorados periodicamente.
Conforme explica Luciana Surita, além de colocar Boa Vista em uma posição de destaque entre os municípios preocupados com a preservação ambiental, o desenvolvimento da pesquisa vai colaborar para a preservação da fauna e estimular o desenvolvimento do turismo ecológico na Capital de Roraima, entre outros aspectos positivos. "Parte da demanda turística hoje em dia é em busca de lugares que possam oferecer certa proximidade com a natureza. Em Boa Vista, nós temos esse potencial que precisa ser explorado sustentavelmente. A pesquisa sobre o tamanduá-bandeira vai estimular ainda a produção e o conhecimento científico deste potencial", explica a secretária de Gestão Ambiental.
(Amazonia.org, 07/02/2008)