Os seis casos de febre amarela registrados no Paraguai, entre eles uma morte, podem ser decorrentes da migração de macacos contaminados do Brasil, informou na quarta-feira (6/02) o Ministério da Saúde do país vizinho. Eles teriam saído de Mato Grosso do Sul para áreas de mata paraguaias.
Como não há uma forma de conter os animais doentes, o governo paraguaio iniciou um esforço de vacinação dos moradores focado na região onde houve os casos humanos. No entanto, assim como ocorreu no Brasil, mesmo pessoas que não estão em área de risco e que não pretendem viajar decidiram se vacinar, causado uma corrida a postos do país.
O Paraguai não registrava mortes por febre amarela nos últimos 104 anos. "O que nos preocupa é a demanda da vacina. Hoje mesmo em Assunção havia filas de até 500 pessoas (em vários postos)", afirmou o diretor de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Gualberto Piñánez, que anunciou uma campanha publicitária para evitar o uso desmedido da vacina. O país já enviou 50 mil doses à região atingida, tem 100 mil em estoque e espera receber mais 600 mil das Nações Unidas - no entanto, ainda não houve resposta do órgão internacional.
O diretor conversou com autoridades brasileiras, mas descarta ajuda do País vizinho para obter as vacinas em razão de o Brasil, apesar de ser o maior produtor do imunizante, também já ter recorrido à Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir estoques estratégicos. As vítimas paraguaias eram caçadores que entraram em mata de propriedades privadas, em região considerada de risco para a doença, mas onde não havia até agora sinais da circulação do vírus. Todos os casos de febre amarela no Paraguai foram registrados na Província de São Pedro de Ycuamnadiyú, a mais de 300 km de Assunção.
Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o país, no entanto, é uma área de circulação do vírus, comprovada por exames feitos em macacos mortos, e tem quatro casos humanos da doença registrados. De acordo com Piñánez, especialistas apontaram que os animais podem ter vindo da mata do Estado brasileiro até a área atingida. Apenas um macaco morto foi encontrado na área em que ocorreram casos humanos.
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 08/02/2008)