Pecuaristas na Amazônia Mato-grossense não aceitam a pecha de desmatadores e apresentam dois fortes argumentos: o rebanho bovino na região e em Mato Grosso está em queda e no estado existem mais de 5 milhões de hectares de pastagem degradada.
“Ora, se o rebanho é menor e há pasto precisando de reforma, não se pode falar em abertura de novas áreas”, argumenta o presidente do Sindicato Rural de Terra Nova do Norte, José Almir da Silva.
Mato Grosso tem o maior rebanho brasileiro, mas no período 2006/07 o número de cabeças caiu de 26.172.578 para 25.740.012. Essa queda também aconteceu nos municípios das unidades regionais do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) em Lucas do Rio Verde, Sinop, São Félix do Araguaia, Alta Floresta, Juína, Pontes e Lacerda, e Matupá, que respondem pela base territorial mato-grossense na Amazônia.
O rebanho na Amazônia Mato-grossense despencou de 14.296.058 em 2006 para 14.001.345 no ano passado, segundo o Indea. Ou seja, no período as invernadas perderam 294.713 cabeças. O percentual de bovinos da região em relação a Mato Grosso praticamente se manteve inalterado: de 54,62% há dois anos baixou para 54,39% em 2007.
“A diminuição do rebanho é visível”, salienta José Almir. Para ele esse fato acontece pela descapitalização do criador, que se vê obrigado a descartar vacas para o corte e que não consegue reformar suas invernadas. Além disso – acrescenta – um fato novo incorporado ao setor pecuário mato-grossense contribui muito para impedir o avanço da braquiária na Amazônia: o confinamento, sistema que permiti a engorda do boi em espaço reduzido e fora do pasto.
José Almir preside o sindicato rural do município onde o Indea notificou o último foco de febre aftosa em Mato Grosso. O foco, clínico, aconteceu em 12 de janeiro de 1996. Desde então a doença foi varrida das invernadas e o rebanho mantém ótimas condições sanitárias.
Na Amazônia Mato-grossense não há desmatamento para a formação de pastos – insiste o sindicalista. Na região existem grandes extensões de invernadas degradadas, tomadas por cupim de montículo e com o solo fortemente compactado por pisoteio ao longo dos anos. A expectativa de José Almir é que o governo crie uma linha especial de crédito para a reforma dessas áreas com o cultivo do arroz de sequeiro.
EDUARDO GOMES,
Diário de Cuiabá, 08/02