Combustíveis alternativos feitos de milho, soja, cana-de-açúcar e palma podem, em alguns casos, aumentar a quantidade de dióxido de carbono que vai para a atmosfera, revelaram pesquisadores norte-americanos nesta quinta-feira. Os chamados biocombustíveis baseados em alimentos podem realmente prejudicar o meio-ambiente se forem produzidos em terras que anteriormente eram pastos, florestas tropicais ou savanas, disseram os cientistas na revista Science.
Combustíveis não-fósseis --etanol feito de milho ou cana-de-açúcar e biodiesel feito de palma ou soja-- são destinados a reduzir a dependência sobre produtos derivados de petróleo, que liberam dióxido de carbono (gás carbônico) quando queimados. Entretanto, os biocombustíveis podem liberar carbono mesmo antes de serem queimados, dependendo de como são feitos, relatou o co-autor do estudo Jason Hill, da Universidade de Minnesota.
À medida que a demanda por estes combustíveis cresce, fazendeiros aram mais florestas e pastos, que costumavam armazenar carbono e evitavam que chegassem à atmosfera, e usam estas terras para cultivar os produtos alimentícios que agora podem ser usados para produzir etanol ou biodiesel. Biocombustíveis feitos desta forma podem vir com um "uma dívida de carbono", descobriram os pesquisadores. Ao invés de cortar o efeito-estufa, acaba por aumentá-lo.
O carbono perdido ao converter florestas, savanas e pastos supera a economia de carbono proporcionada por biocombustíveis. Algumas conversões liberam centenas de vezes mais carbono do que a economia anual proporcionada por estas energias alternativas. Os pesquisadores ainda apontaram que os biocombustíveis, quer feitos de capim, milho ou soja, não possuem o potencial para corresponder com as necessidades de energia dos EUA.
(Por Deborah Zabarenko, Reuters,
UOL, 07/02/2008)