O material descartado pelas indústrias é usado como fonte de renda para artesãs
Uma iniciativa da Petrobras e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS) de agosto de 2007 deu a um grupo de artesãs de Canoas a oportunidade de encontrar no reaproveitamento de materiais derivados do petróleo uma fonte de renda. O material descartado pelas indústrias não pode ir para a natureza e uma das alternativas foi retorná-lo como produto. Além do lado ambiental, afirma a coordenadora do Projeto Canoa, como é chamado, Edi Ribeiro, 55 anos, a atividade é uma geradora de auto-estima. "Quando fui convidada pela Petrobras a formar uma turma de 10 artesãs e dar destino às sobras de borracha, feltro, garrafa pet e EVA não sabia a dimensão que isso ia alcançar depois de cinco meses de trabalho", diz, orgulhosa.
Ao falar da repercussão do projeto, Edi se refere à participação do grupo na Mercopar em Caxias do Sul em outubro passado. "Lá tinha gente do mundo todo representando as indústrias, até um japonês veio perguntar, imprensa argentina e de Brasília nos entrevistando. Todo mundo interessado no nosso trabalho. Desde então, mal damos conta de suprir as encomendas", fala a coordenadora.
A intenção agora é ampliar para o maior número de pessoas essa forma de geração de renda para que a atividade chegue aos bairros mais carentes. "Conseguimos uma sede por meio da Prefeitura para as oficinas, e recebi proposta de implantar algo semelhante em Triunfo, onde há uma indústria interessada em patrocinar o projeto para descartar os resíduos e ajudar a comunidade carente do local.
Sem fronteiras
As artesãs, na maioria moradoras de bairros pobres de Canoas, surpreenderam-se com a notoriedade que extrapolou o idioma e a fronteira do País. "Nosso trabalho está até num site de Nova Iorque. Eu brinco que a gente pode não ganhar muito dinheiro, mas estamos famosas. Até na revista Casa e Decoração de janeiro estamos", conta Edi. A revista paulista de circulação nacional mostrou uma luminária de garrafa pet de 600 mililitros desenvolvida pela arquiteta Karin Wilsmann, consultora do Sebrae-RS, que estudou os materiais disponíveis para a composição de peças.
Os pedidos começam a chegar de todo País. A linha de bijuterias também faz sucesso com a coleção Amarras. São colares, pulseiras e brincos feitos com a borracha descartada. "No Mercado Público em Porto Alegre há venda direta ao consumidor, mas nossa meta é atingir diretamente os lojistas."
(Diário de Canoas, 06/02/2008)