Desde 2005 a Secretaria Estadual da Saúde firmou convênio com a Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (ex- Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre - FFFCMPA), que atua em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O projeto é coordenado pela Dra. Claúdia Ramos Rhoden, que revela o pioneirismo de Porto Alegre no monitoramento da qualidade do ar por bioindicadores, método reconhecido internacionalmente.
Ao todo são seis diferentes pontos considerados preocupantes da capital gaúcha: o Terminal Rodoviário (Centro); Ginásio da Brigada Militar (esq. da Silva Só com av. Ipiranga); o 8º Distrito de Meteorologia (bairro Jardim Botânico); Instituto Santa Luzia (Av. Cavalhada); a Unidade de Saúde do Glória/Cristal e o bairro Humaitá (próximo ao aeroporto internacional Salgado Filho). Em cada local foram colocadas durante 24 horas plantas, conhecidas popularmente como “coração roxo”, de baixo custo e sensíveis a alterações atmosféricas do ambiente. Claúdia explica que são retirados alguns grãos do interior da planta e levados para análise em laboratório, a fim de verificar se houve alteração do material genético das células que darão origem ao pólen, isto é, a ‘mutagenicidade’, que serve como alerta para o grau de contaminação do ar na área monitorada.
Segundo a pesquisadora já foram detectadas áreas de risco na capital, mas os resultados do estudo só poderão ser divulgados em março. “A idéia é fazer um workshop que reúna os setores de transportes, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Fepam e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre (Smam)”, antecipa. Ela adianta que há interesse por parte da Secretaria Estadual da Saúde de que o trabalho seja ampliado para mais dez locais na cidade ainda neste ano. “Queremos estudar profundamente cada um dos bairros analisados para construir um inventário das fontes emissoras de poluição do ar", conta. Ela lembra que esteve durante seis meses buscando informações para embasar o trabalho. "Mas elas não podem ser aplicadas porque estão desatualizadas”, critica.
Para que seja possível discriminar os poluentes, Claudia explica que foram deixados outros vasos nos mesmos locais para, após 60 dias, analisar as folhas e verificar a existência de metais acumulados responsáveis pelos efeitos danosos à saúde, que poderão conduzir até o vilão causador das enfermidades. “A poluição do ar é uma questão de saúde pública. Por isso, prevenir é muito mais importante do que tratar”, avalia a pesquisadora.
(Por Adriana Agüero, AmbienteJÁ, 29/01/2008)