Nos últimos anos, aumentou a preocupação das pessoas com a preservação do meio ambiente. Cada vez mais popular, a separação do lixo seco já é rotina em muitas residências e indústrias de Canoas. E o que passa despercebido para muitas dessas pessoas é que, por trás dessa atitude ecologicamente correta, foi criada uma grande rede e que hoje é a fonte de renda para centenas de famílias. Em Canoas, quatro galpões de reciclagem garantem o sustento de quase cem famílias, beneficiando mais de 360 pessoas.
Os galpões ficam nos bairros Guajuviras (Associação de Reciclagem de Lixo Amigas Solidárias, a Arlas, inaugura em 2002; e Associação Renascer, criada em 2005), Mathias Velho (Associação dos Carroceiros e Catadores de Material de Canoas, fundado em 1993) e Mato Grande (Associação de Triagem e Reciclagem Mato Grande, a Atremag, inaugurada em 2002).
Atualmente 21 pessoas trabalham no galpão da Associção dos Carroceiros no Mathias Velho. A entidade é a mais antiga que atua com reciclagem em Canoas. Boa parte do material que recebe vem de uma montadora de tratores. O restante é levado pela coleta seletiva e algumas pessoas que levam o lixo seco diretamente ao galpão, na rua 18 de Novembro, 765. Os valores arrecadados com a venda dos materiais é divido entre os trabalhadores. "É uma associação que funciona como uma cooperativa", explica uma das coordenadoras do trabalho, Marilene da Silva Machado.
Renda
Pela venda, eles arrecadam em torno de R$ 0,30 por quilo de papel e cerca de R$ 0,70 pelo quilo do plástico. Com isso a arrecadação média é de R$ 700 para cada cooperativado. Contudo, nos meses de dezembro e janeiro, em razão de férias na fábrica, a quantidade de material baixa significamente, diminuindo em até a metade a arrecadação mensal.
Um dos mais experientes é José Carlos Camargo, 55 anos, que está na associação há nove anos. A lida de seu Zé com a reciclagem é de muito mais tempo. Há pelo menos 30 anos ele trabalha recolhendo lixo na cidade, forma que encontrou para ter algum ganho entre os "bicos" como vigilante noturno e outros trabalhos menores. E foi como vigia que ele ingressou na associação. "Já conhecia o pessoal daqui da época que vendia papelão para eles", lembra José, contanto que com o que ganha no galpão, mesmo "aos trancos e barrancos" consegue sustentar sua casa e o filho de oito anos que mora com ele.
(Diário de Canoas, 06/02/2008)