Desde que o Grêmio Náutico União (GNU) anunciou, no começo de janeiro, as obras de ampliação na sede à Rua Quintino Bocaiúva, incluindo a construção de um estacionamento, moradores e órgãos da região se posicionaram contra a retirada de árvores do local, necessária à obra. Na quarta-feira passada, o assunto foi discutido em uma consulta pública no clube e aberta à comunidade.
Promovido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), o encontro teve a presença de 60 pessoas, entre vizinhos, sócios e presidência do GNU, e durou mais de três horas. Os participantes estavam divididos: uns apoiaram a obra e outros pediram mudanças no projeto inicial. O principal motivo da discórdia é a remoção de 34 árvores, considerada uma agressão ao ambiente.
O projeto, que tramita na Smam, depende apenas da aprovação do órgão para ser colocado em prática. Para Evaldo Rodrigues de Oliveira, presidente do clube há três anos, não é justo que o GNU seja penalizado por ter preservado os vegetais até hoje. Ele lembrou o apoio à causa ecológica, citando as duas outras sedes - na Ilha do Pavão e no Alto Petrópolis.
Secretário salientou participação popular
Participantes ativos na reunião, os membros do Moinhos Vive, associação que representa a comunidade do bairro, mostraram a sua preocupação com o futuro da região. Raul Agostini, presidente da entidade, disse a Oliveira que esperava que as ponderações feitas em uma reunião entre eles em janeiro iriam gerar alterações.
- O Moinhos Vive ficará ao lado do favorecimento ecológico e da qualidade de vida - diz Agostini.
Sobre a preservação das árvores, Agostini concordou que, até o momento, o GNU estaria de parabéns. Alguns dos presentes também questionaram a pouca divulgação do encontro na vizinhança, o que teria contribuído para que a maioria dos participantes fosse de sócios do GNU. Além disso, veio à tona outro problema: o excesso de poluição sonora gerada em competições e treinos realizados na piscina olímpica externa - em certos casos, desde às 5h30min.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, salientou que a comunidade da região é uma das que mais resistem ao plano diretor de Porto Alegre. Ele elogiou a insistência do Moinhos Vive para impedir que algumas decisões sejam tomadas favorecendo o ambiente. Moesch salientou, ainda, que o corte de árvores deve ser evitado ao máximo, mas falou que em certos projetos as remoções feitas foram para melhorar a área.
Maioria na reunião, os sócios quase em sua totalidade se manifestaram favoráveis à obra e ovacionavam os que se declaravam a favor. O próprio presidente do clube contou que o conselho deliberativo, formado por 280 membros, aprovou o projeto por unanimidade, quando lhe foi apresentado. Oliveira reforçou, ainda, que a proposta de ampliação é uma demanda dos sócios, que reclamam da falta de investimento na sede Moinhos.
(Por Thaís Sardá, Zero Hora, 07/02/2008)