Entre agosto e dezembro de 2007 Mato Grosso teria derrubado
ou desmatado 1.218 pontos em 19 municípios, segundo os dados que o Deter
disponibilizou ao Inpe para a elaboração da lista suja do desmatamento no Bioma
Amazônia.
Marcelândia, com 117 pontos seria o líder em desmatamento
entre os municípios mato-grossenses. Em ordem decrescente figuram Querência,
com 114, Juara (110), Nova Bandeirantes (101), Nova Ubiratã (81), Brasnorte
(74), Confresa (70), Juína (67), Peixoto de Azevedo (60), Gaúcha do Norte (58),
Cotriguaçu (52), Paranaíta (51), Vila Rica (48), Nova Maringá (44), Porto dos
Gaúchos (40), Colniza (39), Aripuanã (37), Alta Floresta (33) e São Félix do
Araguaia (22). A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) anunciou a proibição de
novas derrubadas nesses municípios, que foram enquadrados pelo Decreto 6.321 de
21 de dezembro de 2007.
O Decreto 6.321 estabelece que todas as propriedades rurais
dos municípios da lista suja terão que se recadastrar junto ao Incra e serem
georeferenciadas. O proprietário de gleba desmatada irregularmente será multado
e não poderá comercializar a produção dessa área. Também será penalizado e
co-responsabilizado quem comprar, transportar, revender ou exportar produtos de
áreas embargadas pelo Incra por desmatamento.
No final de janeiro, em Sinop, quando da visita do grupo de
ministros para conhecer áreas desmatadas, o governador Blairo Maggi contestou
os números do Inpe. Com base em levantamentos conjuntos feitos pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a
Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Maggi argumentou que 80,53% das áreas de
113 pontos desmatados e listados pelo Deter relativos aos meses de abril a
setembro do ano passado, revelaram-se antigas aberturas que não sofreram corte
raso naquele período. Tais propriedades se localizam exatamente nos municípios
que foram relacionados na lista suja.
Longe dos jornalistas a contestação do governador sobre os
números relativos aos meses de abril a setembro de 2007 ganhou o endosso do
diretor do Inpe, Gilberto Câmara, revela Maggi. Câmara teria admitido a
existência de falhas no levantamento sobre desmatamento na Amazônia naquele
período.
A contestação dos dados do Inpe pelo governo de Mato Grosso
não se limitará a apresentação de falhas anteriores sobre registros de
desmatamento a exemplo do que ocorreu com o período de abril a setembro do ano
passado.
Maggi revelou em Sinop que técnicos da Sema farão
levantamento in loco nos pontos citados na lista suja e que em aproximadamente
dois meses – a contar do final de janeiro – terá documentos em mãos para
comprovar que
Mesmo convicto de que não houve aumento de desmatamento
Maggi admite que Mato Grosso sofreu um duro golpe com os números do Inpe. “Não
há como negar que a imagem (do Estado) foi arranhada”, resume. (EG)
(Diário de Cuiabá, 07/02/2008)