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desmatamento da amazônia inpe madeireiras
2008-02-07

Lista suja do Inpe. Esse é o novo endereço de 19 municípios mato-grossenses e de outros 17 no Pará, Amazonas e Rondônia, que teriam liderado o desmatamento de 3.235 quilômetros na Amazônia entre agosto e dezembro do ano passado. O governador Blairo Maggi contesta os números apresentados, mas o governo federal se mantém irredutível. No final de janeiro um grupo de ministros sobrevoou áreas relacionadas e esteve em Sinop. Marina Silva (Meio Ambiente) quer atarraxar ainda mais o setor madeireiro. Tarso Genro (Justiça) anunciou que enviará uma tropa com 800 militares do Exército, policiais federais, soldados da Força de Segurança Nacional e agentes do Ibama para vasculhar os pólos madeireiros. O presidente Lula da Silva fez pronunciamentos conciliatórios como se jogasse água no fogo, mas na prática mantém intocável o Decreto 6.321, de dezembro de 2007, que manieta a economia das áreas que teriam sido derrubadas recentemente. Mato Grosso teme que a lista gere nova crise nas frentes de colonização, como a que aconteceu após a “Operação Curupira”, em 2005.

A atividade econômica nas áreas mato-grossenses listadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com base no sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) continua normalmente apesar da apreensão que extrapola a cadeia madeireira.

Nas cidades, vilas e fazendas moradores estão de olho na curva da estrada à espera da tropa federal. O temor coletivo torna-se ainda maior pelo desencontro de informações.

Nas estradas, carretas com mais de 30 pneus transportam árvores de grossos diâmetros rumo às serrarias. A imagem desses veículos carregados choca e reforça o discurso ambientalista, principalmente para quem desconhece o que é Plano de Manejo Florestal.

Prefeitos, outros políticos, sindicalistas, industriais, empresários e agropecuaristas fazem coro com Maggi tentando sensibilizar a ministra Marina para que suspenda as sanções contra os municípios listados, até que Mato Grosso apure os números reais do desmatamento.

Na Amazônia Mato-grossense vigora o entendimento de que todos devem falar a mesma linguagem sob pena do esfacelamento alargar a porteira ao caos econômico alinhavado intencionalmente ou não em Brasília. Mesmo assim, alguns elos da cadeia rural trocam farpas entre si, e por questão política nem todo prefeito levanta a voz contra a lista.

Pecuaristas acusam madeireiros e vice-versa. O mesmo se vê em relação aos agricultores, que tentam lavar as mãos sobre o desmatamento. Em Nova Bandeirantes, o prefeito Valdir Barranco, petista de filiação e convicção, acende uma vela para Lula e outra para os madeireiros. Barranco sabe que sem o presidente sua administração não sobrevive, e que longe dos empresários da madeira jamais se reelegerá em outubro.

O Diário percorreu os municípios de Mato Grosso listados pelo Inpe. Nesses locais jornalistas são recebidos com o pé atrás. Mesmo assim, ouviu prefeitos, ambientalistas, empresários, operários, acampados e outros moradores. Também conversou com o governo estadual, autoridades federais e a Assembléia Legislativa. O resultado desse trabalho é esta série de reportagens que mostrará o que acontece nas frentes de colonização, onde o Inpe sustenta que há desmatamento irregular e o governo estadual contesta.

(Diário de Cuiabá, 07/02/2008)


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