Quatro termelétricas de biomassa (geração de energia a partir da queima de matéria orgânica) devem começar suas operações no Rio Grande do Sul ainda em 2008, aponta levantamento realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As usinas que devem iniciar as atividades são: a Caal (3,8 MW) GEEA Alegrete (4 MW), Josapar (8 MW) e Josapar Itaqui (6 MW).

Os dois primeiros empreendimentos serão localizados em Alegrete e os dois últimos em Pelotas e Itaqui. Segundo a Aneel, o projeto da Caal não apresenta impedimentos para a entrada em operação (contrato de concessão assinado, licença ambiental de instalação vigente e obras civis iniciadas e não-interrompidas). Já as outras iniciativas apresentam alguma restrição para a entrada em funcionamento (licença ambiental não-obtida, obras não-iniciadas ou contrato de combustível indefinido).

As usinas serão alimentadas com casca de arroz e somadas terão uma capacidade de geração de 21,8 MW (cerca de 0,5% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul). Atualmente, o Estado tem uma capacidade de geração instalada de 77,7 MW a partir da biomassa. O coordenador da assessoria técnica da Secretaria estadual de Infra-estrutura e Logística, Edmundo Fernandes da Silva, comemora a perspectiva de operação dos novos empreendimentos, mas acredita que esse número poderia ser muito maior.

Silva revela que a Secretaria estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já iniciou um estudo para efetivar um zoneamento agrícola. Essa pesquisa possibilitará que seja avaliado quais são as culturas mais adaptadas a cada região do Estado. A idéia é pesquisar tanto as oleaginosas adequadas à produção de biocombustíveis, como as matérias-primas para geração de energia.

Uma das culturas que pode ser empregada no futuro para gerar energia dentro do Rio Grande do Sul, caso verifique vocação para isso, é a do capim-elefante. Outra possibilidade, mais próxima, é a partir do bagaço da cana-de-açúcar. A empresa Norobios, que planeja produzir etanol em São Luiz Gonzaga, também prevê a construção de uma termelétrica que será alimentada com os resíduos oriundos da fabricação do álcool.

A cana-de-açúcar tem ganho destaque na disputa de leilões de energia. A Coomex, comercializadora de energia elétrica, realiza hoje um leilão voltado para este tipo de fonte. Entre as vantagens da geração de energia através da biomassa está o menor impacto ambiental em relação a outras usinas térmicas, como as de óleo. Isso também permite que esses empreendimentos possam tentar obter créditos de carbono.

(JC-RS, 04/02/2008)