Antes mesmo que o último sambista da última ala deixe a passarela, começa um outro desfile, cheio de harmonia, disciplina e muita agilidade. Atrás de cada escola vem o bloco dos garis, evoluindo com naturalidade, trabalho e alegria que se fundem na execução de um serviço iindispensável - manter a pista limpa para a próxima escola poder brilhar.
O inconfundível macacão laranja se transforma em fantasia e os instrumentos de trabalho, com um pouco de imaginação e outro tanto de habilidade, ganham status de alegorias e adereços. Vassouras, pás e carrinhos avançam na avenida, manejados por mestres do ofício, como se fossem uma ala de passo marcado. E logo a passarela está pronta para receber outros enredos, que talvez um dia homenageiem esses anônimos personagens da folia.
O público dedica um carinho todo especial ao bloco dos garis, o bloco da limpeza. Eles são os primeiros a ocupar a avenida, uma ala exclusivamente feminina, desfilando cheia de ginga, da dispersão à concentração, no sentido inverso ao das escolas, enquanto as arquibancadas aplaudem. E lá vão elas, gratificadas pelo reconhecimento, porque essa é só a largada para tantos outros desfiles quanto forem as escolas da noite.
São 20 moças, que ganharam uma maquiagem especial para a segunda noite da Categoria Especial, e um destaque masculino. Paulo Fagundes é uma atração à parte. O macacão é adornado por uma gravata, a única novidade em relação a anos anteriores, porque o samba no pé e a coreografia continuam as mesmas, alegres e cheias de energia, enquanto a massa festeja o passista solitário.
O diretor de Projetos Sociais do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Jairo Armando dos Santos, responsável pela coordenação dos trabalhos no Porto Seco, revela que as equipes começam a trabalhar cinco horas antes do início do desfile e só terminam muito depois das baterias terem se calado. No total, o DMLU utiliza 70 funcionários para a limpeza de todo o complexo, apoiados por quatro caminhões e um compactador.
A cada noite são recolhidas 15 toneladas de resíduos e como a maior parte é descartável -latas, copos plásticos, garrafas, papel - o material é encaminanhado à Unidade de Triagem e Compostatem da Lomba do Pinheiro para ser reaproveitado. "O público talvez não saiba, mas esse material tem grande valor comercial e uma função social importante, porque vai gerar trabalho e renda para o pessoal das unidades de triagem", explica Jairo.
(Ascom Prefeitura de Porto Alegre, 02/01/2008)