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amazônia embrapa
2008-02-01

Em 2009 serão completados 80 anos da imigração japonesa na Amazônia. A Embrapa Amazônia Oriental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Belém (PA), antecipou-se à comemoração e aproveitou os cem anos dos japoneses no país para lançar, na quinta-feira (31/01), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), o livro A imigração japonesa na Amazônia –Sua contribuição ao desenvolvimento agrícola.

A proposta da obra é trazer um relato do desenvolvimento agrícola promovido pelos japoneses na região, iniciado pelos primeiros imigrantes que chegaram ao município de Tomé-Açu (PA) no dia 22 de setembro de 1929, vindos do porto de Kobe. Poucos anos depois, inseriram na região duas culturas exóticas, juta e pimenta-do-reino, que tiveram grande importância na economia dos estados do Amazonas e do Pará, respectivamente.

“Estima-se que cerca de 250 mil imigrantes japoneses chegaram ao Brasil de 1908 até 1973. Na região Norte, eles tiveram uma experiência singular de desenvolvimento agrícola. Só o plantio e o beneficiamento da juta, no seu apogeu durante a década de 1960, chegou a representar um terço do PIB [produto interno bruto] do Amazonas”, disse Alfredo Homma, pesquisador da Embrapa desde 1974, à Agência FAPESP.

“Essa planta, cujas fibras eram utilizadas para a confecção de sacos, foi perdendo importância até praticamente desaparecer com a abertura dos mercados durante o governo Collor, quando tornou-se mais barato importar juta da Índia e de Bangladesh”, explicou o também professor de economia agrícola dos cursos de pós-graduação da Universidade Federal do Pará e da Universidade Federal Rural da Amazônia.

Outras razões do desaparecimento da juta, segundo o autor, estão relacionadas ao início do transporte a granel e a competição com as demais culturas agrícolas.

A pimenta-do-reino, por sua vez, teve seu apogeu na década de 1970, no Pará, chegando a representar mais de 35% do valor das exportações do estado, antes de outras atividades econômicas tomarem a dianteira, como minérios e madeira. No livro, Homma destaca a rápida democratização da juta e da pimenta-do-reino pelos produtores brasileiros.

“Os caboclos da Amazônia não se mostraram avessos às inovações por terem adotado essas duas culturas agrícolas até então desconhecidas”, disse. Segundo ele, essa incorporação de culturas agrícolas pelos povos locais, outro assunto abordado na publicação, é uma indicação da possibilidade de redução nas taxas de desmatamento e queimada na floresta amazônica.

“Isso é possível desde que as novas opções de plantio estejam conectadas com os mercados nacional e estrangeiro e também tenham preços favoráveis à comercialização, beneficiando-se da utilização de tecnologias de cultivo mais avançadas que garantam a permanência de agricultores por mais tempo em uma mesma região”, afirmou.


Principais representantes

Alguns personagens importantes dos 80 anos de imigração japonesa na Amazônia também ganharam breves biografias na obra, entre eles Makinossuke Ussui, que trouxe a pimenta-do-reino, e Ryota Oyama, responsável pela introdução da juta, ambos em 1931, além de Tsukasa Uetsuka, ex-deputado japonês que coordenou a imigração no Amazonas, e Hashiro Fukuhara, que liderou a chegada dos imigrantes ao Pará.

O livro, que ainda não está sendo comercializado, destaca também o ponto forte dos japoneses nos dias de hoje na região, além da pimenta-do-reino: a fruticultura. “Essa foi a grande novidade a partir da década de 1990. Os japoneses foram os pioneiros no plantio de cupuaçu, açaí, mangostão e rambutã. O volume de exportações de pimenta-do-reino foi de cerca de US$ 78 milhões em 2007”, contou Homma.

No que se refere à participação nas atividades agrícolas, a obra mostra que o cenário mudou bastante desde a década de 1920. “Hoje os agricultores brasileiros e o desenvolvimento da pesquisa científica, sobretudo a partir da década de 1970, mostram a força do empresariado agrícola nacional. Nesse ambiente, os japoneses ocuparam nichos específicos de mercado ao trazer novidades como as frutas noni, durian, mamão havaí e melão”, acrescentou.

A terceira maior colônia japonesa no Brasil está no Pará, com cerca de 13 mil habitantes, perdendo apenas para os estados de São Paulo e Paraná. No Pará, vivem principalmente nos municípios de Tomé-Açu, Santa Izabel e Castanhal. “Só no estado de São Paulo estima-se a concentração de mais de 80% da colônia japonesa no Brasil. Hoje existe cerca de 1,5 milhão de imigrantes e descendentes em todo o país”, disse.

Homma é autor de mais de 400 trabalhos sobre a região amazônica e de sete livros, sendo que Amazônia: meio ambiente e desenvolvimento agrícola recebeu o Prêmio Jabuti, em 1999, na categoria Ciências Naturais e Medicina.

Mais informações sobre o livro podem ser obtidas diretamente com o autor pelo e-mail homma@cpatu.embrapa.br.

(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 01/02/2008)

 


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