Embora ainda sem qualquer indício concreto para a liberação dos recursos, o Parque Natural de Sobradinho obteve um avanço este mês para a sua implantação. O Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (Defap) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente emitiu no dia 4 de janeiro a certidão de registro no cadastro do Sistema Estadual de Unidades de Conservação. A medida ocorreu após a emissão do parecer da chefe da Divisão da Unidade de Conservação (DUC), Roberta Dalsotto, órgão que realizou a vistoria para o enquadramento de categoria e validação.
A medida torna o projeto apto a receber os recursos para a aquisição da área de terra e dos equipamentos e materiais para a implantação do parque. O dinheiro para o projeto faz parte da medida compensatória ao licenciamento para a construção da RSC–471, entre Barros Cassal e Santa Cruz do Sul. A área possui 22 hectares, localizada em Linha Apolinário, e possui mata nativa primária, com cascatas, animais silvestres, nascentes e contribuintes do Rio Carijinho.
A implantação do parque foi solicitada por ofício da administração municipal anterior à Secretaria Estadual do Meio Ambiente na época em que o titular era o atual prefeito de Santa Cruz do Sul, José Alberto Wenzel, no governo de Germano Rigotto. O diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Sobradinho na época, Mário Augusto Lazzari, lembra que a proposta teve como fundamentação o objetivo de preservar a flora, a fauna, a nascente do Arroio Carijinho e outros atributos naturais, características da formação da Mata Atlântica e ecossistemas associados, especialmente a floresta estacional decidual e a de araucária, bem como a recuperação da área degradada em função da retirada de basalto.
O espaço servirá também para atividades de pesquisa científica, educação ambiental, trilhas ecológicas e lazer em contato com a natureza. A área recebeu o estudo do Defap e em 28 de novembro de 2003, durante a interiorização do governo de Germano Rigotto em Rio Pardo, houve a assinatura do termo de ajustamento. Mário Lazzari explica que depois a Prefeitura elaborou o plano de trabalho, que inicialmente seria de forma concomitante a Vera Cruz e Santa Cruz do Sul – que também tinham projetos de implantação de parques naturais –, mas mais tarde ocorreu a desvinculação.
Após um período em que todo o processo permaneceu parado, por orientação do Defap, o ex-diretor municipal do Meio Ambiente encaminhou um ofício ao Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoma), do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que resultou na instauração de inquérito civil na Promotoria de Justiça de Sobradinho. Para a implantação do parque, estava previsto o investimento de R$ 150 mil.
(Por Otto Tesche, Gazeta do Sul, 31/01/2008)