O combate ao trabalho escravo registrou, em 2007, seus maiores números desde que o Grupo Móvel de Fiscalização, que atua na vistoria de fazendas, foi criado, em 1995. No ano passado, foram realizadas 110 operações, 5.877 trabalhadores foram libertados e o valor de indenização paga por proprietários dos imóveis rurais flagrados em irregularidades chegou a R$ 9,8 milhões. Esses três indicadores são recordes nesses treze anos, segundo dados do próprio Ministério do Trabalho.
Se comparado com os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os números favorecem os cinco anos de gestão do petista Luiz Inácio Lula da Silva. De 1995 até 2007, os fiscais promoveram 621 operações. Desse total, 443 (71,3%) ocorreram nos últimos cinco anos (2003 a 2007). Desde a criação do Grupo Móvel, os auditores conseguiram libertar 27.645 pessoas que trabalhavam em condições análoga à de escravo, sendo que 21.754 (78,6%) no governo Lula. Esses percentuais sobem ainda mais quando se compara pagamento de indenizações aos trabalhadores. Dos R$ 38,4 milhões pagos, R$ 34,9 milhões (90,8%) se deram no atual governo.
Quando o grupo foi criado, havia apenas uma equipe de auditores do Ministério do Trabalho. Em 95, ocorreram apenas onze operações. Hoje, existem oito equipes compostas por fiscais, procuradores do Trabalho e delegados e agentes da Polícia Federal. Em 2007, aconteceram 99 ações a mais que naquele ano.
Flagrados vão para uma "lista suja"
O Grupo Móvel atua após denúncias que chegam às delegacias regionais do Trabalho nos estados e também por intermédio de informações repassadas por entidades não-governamentais, como a Comissão Pastoral da Terral (CPT), além de sindicatos de trabalhadores rurais.
Em 2004, foi criado o Cadastro de Empregadores flagrados explorando mão-de-obra escrava, conhecida como "lista suja". Os proprietários rurais citados nessa relação ficam impedidos automaticamente de obter empréstimos em bancos oficiais.
(Por Evandro Éboli, Diário do Pará, 31/01/2008)