O avanço do desmatamento na Amazônia, em especial, na região Oeste do Pará e em áreas de conservação, foi um dos temas debatidos ontem, durante o lançamento do Calendário 2008 do Fundo Dema, na sede da Fase Amazônia, em Belém. O fundo, criando em 2004 com recursos da venda de madeira ilegal apreendida, é uma das iniciativas do movimento social no combate à destruição da floresta, por meio do financiamento de projetos em áreas que sofreram danos ambientais e sociais.
Em quatro anos, o Fundo Dema investiu mais de R$ 2 milhões em 179 projetos de desenvolvimento sustentável, em 22 municípios. Uma iniciativa inédita de proteção ambiental, porém pequena diante da realidade do Pará, o segundo Estado no ranking do desmatamento no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Aldaberto Veríssimo, pesquisador sênior do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente), entidade que faz o monitoramento mensal do desmatamento na Amazônia, revelou que de todo desmatamento no Pará, de agosto a dezembro de 2007, 24% ocorreu em áreas de proteção ambiental.
'O desmatamento nessa área deveria ser de 0%. Em 2006, as áreas de proteção não atingiram 3% do total de área devastada. Hoje são 24% de todo o desmatamento. Isso é um exemplo da ineficiência de proteção e fiscalização dos governos', declarou Veríssimo. Isso sem esquecer que quase 100% do desmatamento no Pará é ilegal, completou o pesquisador.
Outro alerta preocupante feito pelo pesquisador é um dado que é consenso entre a comunidade científica mundial. A Amazônia já perdeu 18% de toda a cobertura florestal. Ao atingir 30%, os danos ambientais serão irreversíveis.
(O Liberal, 31/01/2008)