Equipes fizeram com que 80% da linha de fogo que engolia a área de banhado se mantivesse sob controle até o fim da tarde de ontem, aumentando a chance de as labaredas serem extintas hoje
O incêndio que já destruiu pelo menos 5 mil hectares de uma das mais importantes áreas de preservação do Estado, a Estação Ecológica do Taim, pode chegar ao fim hoje.
Até o fim da tarde de ontem, 80% da linha de fogo que engolia o banhado com juncos havia sido controlada. A expectativa é de que as labaredas possam ser extintas hoje, com a ajuda de um avião da Força Aérea Brasileira, que chegou ontem ao local.
Depois de o fogo ser debelado, começa uma segunda e desoladora etapa. Os dias seguintes ao desastre deverão ser dedicados ao rescaldo, ou seja, a resfriar as áreas apagadas para evitar novos focos. Além disso, será o momento de avaliar quantos animais morreram em meio às chamas ou foram feridos durante a maior tragédia ambiental da história do Taim.
Ontem, o maior foco, na área sul da reserva, foi quase todo controlado na madrugada. Entre 23h e 3h, um grupo precisou deslocar-se emergencialmente para uma das áreas de banhado, onde um foco havia ressurgido. Por estar próximo a uma propriedade rural, onde estavam acampados brigadistas de incêndio, foi necessário trabalhar intensamente para não deixar o fogo se alastrar.
A área de banhado, maior tesouro ecológico do Taim, é o principal empecilho para o controle das chamas. Para transpor o local pantanoso, homens ficaram afundados até a cintura, dificultando a locomoção para chegar ao fogo.
Mais de 120 pessoas trabalham no local, entre bombeiros da Zona Sul, funcionários do Ibama, brigadistas de várias localidades e voluntários. Vindo da unidade de bombeiros de Estância Velha, Jair Broch, 33 anos, lembrou dos momentos que passou na madrugada de quinta-feira junto ao grupo que combateu um dos maiores focos.
- O trabalho com os abafadores para apagar o fogo e o acesso para chegar ao local cansam. Ficamos exaustos cada vez que voltamos do front - disse.
Segundo o chefe da Estação Ecológica do Taim, Amauri de Sena Motta, a estimativa era de que ao menos 5 mil hectares de banhado tenham sido destruídos. O número final deve chegar a 7 mil hectares. O Taim tem 33 mil hectares e abrange parte dos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
(Por Rodrigo Santos e Ronan Dannenberg, Zero Hora, 01/02/2008)