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transgênicos eucalipto
2008-02-01

É iminente o começo dos plantios de eucaliptos transgênicos no Espírito Santo. Eles serão assumidos pelas empresas, particularmene pela Aracruz Celulose, em plantios "experimentais". O alerta é do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), ao analisar decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) sobre o tema.

A CTNBio liberou a realização de experimentos com eucaliptos. As normas para liberação dos plantios de eucaliptos transgênicos na forma que a CNTBio define com planejada foram aprovadas este mês.

Segundo Valmir Noventa, um dos coordenadores estaduais do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Espírito Santo, a Aracruz Celulose tem pesquisa com os eucaliptos transgênicos. E está pronta para os plantios "experimentais".

O MPA e o MST, que formam a Via Campesina, vêm denunciando os riscos ambientais e sociais dos transgênicos. Os impactos ambientais vão desde o aceleramento da exaustão da terra, pela absorção de minerais e água, entre outros elementos, pela planta, até a contaminação de espécies nativas. Com os plantios em tempo mais curto, mais agricultores podem deixar os plantios de alimentos, trocando-os pela eucaliptocultura.

As empresas produtoras de celulose na prática foram liberadas para plantar os eucaliptos transgênicos e devem seguir duas regras básicas: que os plantios "experimentais" tenham um cinturão de mil metros de árvores não-transgênicas envolvendo as plantações geneticamente modificadas
; e que, onde houver apiários, que os plantios de eucaliptos transgênicos estejam no mínimo a três quilômetros de distância deles.

Os membros da CNTBio ligados ao projeto Genolyptos defendiam medidas ainda menos rígidas. O projeto Genolyptos é financiado por um consórcio em que se destaca a Aracruz Celulose e formado ainda pela Celmar Indústrias de Celulose e Papel, Bahia Sul Celulose, International Papel do Brasil, Jarcel Celulose, Celulose Nipo-Brasileira, Klabin/Riocell, Veracel Celulose, Lwarcel Celulose e Papel, Rigesa Celulose, Papel e Embalagens, Votorantim Celulose e Papel, e Zanini Florestal, entre outras empresas.

Entre os objetivos do projeto, modificar o eucalipto com diminuição de lignina, a substância que dá dureza à madeira, o que favoreceria a industria de celulose. Mas a redução da lignina afetaria as indústrias da construção e moveleira.

A CTNBio analisa 24 solicitações de avaliação de eucaliptos transgênicos. A Companhia Suzano de Papel e Celulose, por exemplo, quer liberar os eucaliptos geneticamente modificados "no meio ambiente", para experimentos de eucalipto (da ArborGen Tecnologia Florestal Ltda. e International Paper do Brasil Ltda), até a "plantio controlado de eucalipto transformado geneticamente" (Alellyx Applied Genomics).

As principais modificações genéticas visam a reduzir o teor de lignina e acelerar o processo de maturação das árvores para corte. Hoje, o eucalipto é cortado sete anos depois de plantado. As árvores modificadas geneticamente serão cortadas cinco anos após o plantio.

O Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM, na sigla em inglês) lembra que há resistência aos transgênicos por parte de organizações ligadas à Rede Latino-americana contra as Monoculturas de Árvores (Recoma). A Recoma encaminhou aos governos do Brasil e do Chile uma carta aberta em que mostram sua preocupação com os eucaliptos transgênicos.

Uma das preocupações é pelo "fato de que a manipulação genética em andamento visa a consolidar e espalhar um modelo de monoculturas de árvores que já demonstrou acarretar graves impactos sociais e ambientais".

E que "o uso de árvores transgênicas agravaria ainda mais os impactos já constatados sobre a água, devido a que uma das características que pretende se introduzir é o crescimento mais rápido- o que significaria um maior uso de água por parte das plantações."

Daí sugerem aos governos brasileiro e chilenos que adotem "enfoques de precaução ao tratar a questão das árvores geneticamente modificadas" e determinem "a suspensão das pesquisas em andamento, até as dúvidas sobre os possíveis impactos, manifestadas na fundamentação da COP8 desaparecerem". O texto integral da carta está em http://www.wrm.org.uy/plantaciones/RECOMA/carta_Brasil_2008.html.


(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 01/02/2008)

 

 


 


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