Exportações de carne bovina para a União Européia respondem por 40% do total embarcado no Estado
A suspensão dos embarques de carne bovina in natura do Brasil para a União Européia (UE) pode resultar em acúmulo do produto no Rio Grande do Sul e, conseqüentemente, em redução dos preços no mercado interno. Aproximadamente 40% do volume exportado pelo Estado em 2007 (43 mil t) foi direcionado para o bloco, conforme levantamento do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs). O diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle, informou que, em resultado financeiro, os embarques para a UE são maiores, já que os europeus compram cortes com grande valor agregado.
A preocupação de Moussalle é que o quadro desestimule o criador. 'Fizemos um grande esforço para conscientizar o produtor a rastrear o rebanho e transformar sua propriedade em Eras. Ele vai pensar que seu trabalho foi por água abaixo. É o caos para a cadeia produtiva da pecuária de corte', lamenta. Para ele, o motivo apresentado pela UE para o embargo, de que o Brasil deveria ter apresentado uma lista de 300 e não 2.861 propriedades, não passa de desculpa para ceder às pressões dos irlandeses.
A justificativa também é contestada pelo secretário da Agricultura, João Carlos Machado. De acordo com ele, a responsabilidade do Ministério da Agricultura (Mapa) é informar as fazendas que estão em conformidade com as regras. 'O Mapa não tem como fazer opção por esta ou por aquela. Isso quem decide é o mercado', frisou. Na lista entregue pelo Mapa segunda-feira, em Bruxelas, constam 460 propriedades aprovadas a exportar no Rio Grande do Sul.
O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, afirmou que a decisão européia demonstra o desconhecimento da realidade brasileira. O dirigente espera que os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores interfiram na questão. O coordenador da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, ressaltou que aguarda uma resposta 'muito forte' do Mapa, já que o criador atendeu às exigências impostas pela UE. 'Houve um chamamento para que as propriedades fossem habilitadas como Eras e, para isso, foram feitos investimentos', argumentou.
(Correio do Povo, 31/01/2008)