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incêndios florestais
2008-01-31

Combate por terra às chamas que se propagam nos juncais secos da reserva foi suspenso às 16h30min dessa quarta-feira 
 
O administrador da Estação Ecológica do Taim (Esec), Amauri de Sena Motta classifica como uma catástrofe o incêndio que se espalha desde segunda-feira na área de juncais secos da unidade de conservação. O analista ambiental Kuriakin Toscan, chefe do escritório do Ibama em Tramandaí, voltou a sobrevoar a região e constatou, mediante a utilização de aparelho GPS, que o fogo já havia devastado 3.803 hectares de vegetação. Ontem ainda persistiam um foco de aproximadamente 3 quilômetros e outros menores. Durante a noite de terça-feira, o vento ficou mais calmo e um dos maiores focos se extingüiu. Ontem, no entanto, as rajadas voltaram a espalhar fagulhas.

O combate às chamas envolve 120 homens, entre bombeiros da região, servidores do Ibama, brigadistas do Prevfogo e voluntários. As equipes contam com o apoio de um helicópetero do Ibama, que utiliza o equipamento Bambi Bucket, uma espécie de balde gigante feito com tecido sintético, para jogar água sobre os focos. A ação em terra foi suspensa às 16h30min dessa quarta-feira, em razão do difícil acesso à área em chamas. A aeronave operou até o final da tarde. Um helicóptero da Marinha foi empregado no reconhecimento da área atingida pelo incêndio. O chefe do escritório regional do Ibama, com sede em Rio Grande, Sandro Klippel, informou que um grupo formado por brigadistas do Prevfogo da Esec e voluntários ficaram durante a noite nas proximidades do local para monitorar a situação. O combate aéreo foi retomado hoje com a utilização dos helicópteros do Ibama e da Marinha e de um avião agrícola pertencente a uma empresa da região. Também nesta quinta-feira, o superintendente do Ibama no Rio Grande do Sul, Fernando Marques, irá à Estação Ecológica do Taim, para verificar a situação e dar apoio ao pessoal que atua na operação. Ele informou solicitou ao V Comando Aéreo Regional, com sede em Canoas, um helicóptero para o transporte das equipes. Até ontem não havia informação sobre mortes de animais. O superintendente do Ibama no Estado observou que o problema maior são os ninhos que podem ter sido atingidos pelas chamas.

O prefeito de Santa Vitória do Palmar, Cláudio Fernando Pereira, decretou estado de alerta no município 'devido à situação de emergência na Estação Ecológica do Taim'. Conforme ele, 90% da área da unidade de conservação estão no território de Santa Vitória, inclusive os locais atingidos pelo incêndio. Explicou que o decreto permite que o município possa ajudar o Ibama nessa operação emergencial. Ontem, a Prefeitura de Santa Vitória já enviou gêneros alimentícios para as equipes que trabalhavam na estação e combustível para os veículos.

Além de Santa Vitória do Palmar, a reserva, com 33.815 hectares, abrange parte do território de Rio Grande. Está situada entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, próximo do arroio Chuí, na fronteira do Uruguai. Um dos principais motivos que levaram à criação da Esec, em 1986, foi o fato de a área ser um dos locais por onde passam várias espécies de animais migratórios vindos da Patagônia. No banhado, que constitui a maior parte da unidade, predomina o junco.

A estação abriga uma variada fauna. Entre os seus habitantes está o jacaré-de-papo-amarelo, que consta da lista de animais ameaçados. O cisne-de-pescoço-preto, o único cisne verdadeiro do continente sul-americano e um dos mais bonitos do mundo, é a grande estrela da avifauna do Taim. Outras espécies raras encontradas na área são o coscoroba, o marrecão da Patagônia, os socós, o tachã e a garça-branca-grande. Entre os mamíferos estão presentes o ratão-do-banhado, o tuco-tuco e a capivara.

(Por Carmem Ziebell, Correio do Povo, 31/01/2008)


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