Caso o governo brasileiro não se comprometa a enviar recursos para a manutenção e preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, o local poderá entrar na lista dos patrimônios mundiais da humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em risco. O alerta é do representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny.
Localizada no município de São Raimundo Nonato (PI) e com o maior acervo de pinturas rupestres (feitas pelo homem pré-histórico em cavernas) das Américas, o Parque Nacional da Serra da Capivara recebeu o título de Patrimônio Mundial pela Unesco em 1991. Para conseguir a honraria, o Brasil se comprometeu internacionalmente a preservar o parque e todo o seu patrimônio.
“É muito importante entender que o mecanismo da Convenção Internacional de 1972 (que criou os patrimônios mundiais) é um compromisso do país quando apresenta uma candidatura ao Comitê Internacional de dizer que o seu sítio tem um valor excepcional e querer que seja reconhecido através do mecanismo do patrimônio mundial, se comprometendo a preservar e promover aquele lugar”, afirma Defourny.
O representante da Unesco recebeu hoje (30) a diretora-geral da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e responsável pelo parque, a arqueóloga Niède Guidon. Ela veio a Brasília pedir ao governo federal um orçamento mensal fixo de R$ 400 mil, para os próximos cinco anos, para pagar os funcionários que trabalham nas 28 guaritas do parque.
Defourny explicou que não cabe à Unesco encontrar as soluções de gestão do parque, mas sim ao governo federal. Apesar disso, o representante se comprometeu a tentar conversar com a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e com o ministro da Cultura, Gilberto Gil, pedindo que o governo elabore um projeto para o repasse de recursos pelos próximos cinco anos.
Ele também se comprometeu a comunicar a situação relatada por Niède ao Centro de Patrimônio Mundial da Unesco, em Paris.
(Por Irene Lôbo, Agência Brasil, 30/01/2008)