Apesar de reconhecer que a redução da vazão de defluência no reservatório de Sobradinho, na Bahia, determinada pela Agência Nacional de Águas (ANA), causa transtorno às populações ribeirinhas na captação de água, o diretor de Operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Mozart Bandeira Arnaud, disse nsta quarta-feira (30/01) que a medida é necessária para se evitar problemas futuros mais graves.
“Eles (os ribeirinhos) pagariam um preço maior se não adotássemos as medidas de segurança hídrica. Os reservatórios iam continuar caindo”, afirmou Arnaud, em entrevista à Agência Brasil.
O diretor da Chesf lembrou que em dezembro o volume útil do reservatório de Sobradinho chegou a ser de apenas 12,5% e hoje já está em 21,8%, no que seria um reflexo das providências preventivas: “A decisão de buscar acionar termelétricas, reduzir vazão e maximizar intercâmbios de energia entre as regiões é necessária e deve continuar”.
Segundo Arnaud, a Chesf promoveu desde dezembro reuniões com diversos usuários da bacia do São Francisco em quatro estados (Pernambuco, Sergipe, Bahia e Alagoas). E os alertou para a redução de vazão, que ocorreu também no reservatório de Xingó (AL e SE).
No último sábado (26/01), a vazão mínima nos dois reservatórios foi reduzida de 1.300 para 1.200 metros cúbicos por segundo e no sábado (02/01) chegará a 1.100 metros cúbicos por segundo. Arnaud explicou que a medida foi necessário devido à redução no nível, causada pelo volume de chuvas inferior à média história nos últimos meses de 2007. Houve, segundo ele, “pequenos sinais de melhora” em janeiro, mas a vazão nos reservatórios do nordeste fecha o mês com 40% do ideal histórico.
A licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a resolução da Agência Nacional de Águas (ANA), que autorizaram a redução na vazão, prevêem a possibilidade de suspender a medida antes de 30 de abril, por decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.
Arnaud, no entanto, disse não acreditar que isso venha a ocorrer: “No momento devemos continuar, porque é muito bom para o Nordeste a para o setor elétrico a busca da segurança hídrica.”
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 30/01/2008)