O plantio e o manejo de florestas também podem contribuir na geração de energia. Na quinta-feira (31/01), os participantes do Show Rural Coopavel terão a possibilidade de conhecer o projeto “Florestas energéticas na matriz de agroenergia brasileira”, coordenado pela Embrapa Florestas (Colombo/PR), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com Esalq/USP, Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agroindústria de Alimentos, junto a mais de 70 instituições públicas e privadas.
O projeto tem como objetivo desenvolver, otimizar e viabilizar alternativas ao uso de fontes energéticas tradicionais não-renováveis por meio da biomassa de plantações florestais de forma sustentável. As pesquisas vão trabalhar desde práticas silviculturais até a transformação da biomassa em energia.
Além da palestra, durante toda a semana os visitantes da Casa da Embrapa vão poder acompanhar o funcionamento de uma mufla, equipamento que, por meio de processos químicos de combustão, cria subprodutos da madeira, inclusive parte do processo de obtenção de bio-óleo a partir de biomassa florestal.
Florestas e AgroenergiaUm dos maiores desafios deste século é a produção de energia renovável e sustentável, tanto no aspecto econômico quanto ambiental. O eminente esgotamento das fontes de carbono fósseis, principalmente o petróleo, apontado por pesquisadores para um prazo máximo de cem anos, torna este desafio ainda mais urgente.
A atual crise de energia é acentuada pela instabilidade dos preços dos combustíveis fósseis, que são regidos pelo comércio internacional e afetados por questões políticas mundiais. Além disso, a sociedade mundial tem pressionado para o uso de energia limpa.
Diante desta realidade, o Brasil tem ocupado papel de destaque no cenário mundial pelo seu potencial e competência para realizar a transição da matriz energética de uma forma mais segura e menos traumática para a qualidade de vida, com garantia de abastecimento energético. Este potencial está baseado em quatro pilares: biodiesel; etanol; espécies alternativas e resíduos; e florestas energéticas.
Fonte renovávelA biomassa florestal é fonte renovável e tem balanço nulo no efeito estufa quando usada para energia e é excelente fixadora de carbono quando empregada para outros fins. O potencial das plantações florestais brasileiras é expressivamente superior ao de países de clima temperado e, além disso, as extensas áreas com florestas nativas manejadas de forma sustentada para produção de madeira produzem, também, biomassa para energia, com vantagem competitiva no cenário mundial.
Os usos da energia gerada pela biomassa florestal são diversos: desde lenha para abastecimento de residências, propriedades rurais e pequenas indústrias até produção de bio-óleo, briquetes e carvão vegetal.
Tais usos podem ser melhorados e potencializados e, para isso, o País precisa investir em pesquisa científica. Com amplitude nacional e subdividido em cinco projetos componentes, interrelacionados, os grandes desafios do projeto “Florestas energéticas” são a produção de biomassa em escala, o desenvolvimento de tecnologias de conversão de biomassa em energia e o monitoramento ambiental, de forma sustentável.
Seu objetivo é desenvolver, otimizar e viabilizar alternativas ao uso de fontes energéticas tradicionais não-renováveis por meio da biomassa de plantações florestais de forma sustentável.
Os projetos componentes são interrelacionados e se propõe a: estruturar, nas diversas regiões do País, populações de espécies florestais para oferta de germoplasma com tecnologias silviculturais apropriadas e necessárias à expansão de plantios de florestas para a produção de biomassa em quantidade e qualidade apropriadas para uso energético; desenvolver, otimizar e viabilizar alternativas de uso da biomassa florestal, como fonte renovável, para diversificar a matriz energética nacional de forma sustentável; obter produtos de alto valor agregado da biomassa florestal, destinados a geração de energia, por meio do aprimoramento de tecnologias ou ajustes de processos para a obtenção de um extrato enzimático rico de atividade celulolítica e seu efeito na hidrólise de uma matriz lignocelulosica pré-tratada, pirólise, acidólise e oxidação parcial utilizando a mesma matriz; efetuar estudos sobre a viabilidade, competitividade e sustentabilidade das cadeias produtivas de plantios florestais energéticos, bem como dos co-produtos resultantes na obtenção de biocombustíveis.
(Por Katia Pichelli, Embrapa /
Envolverde, 28/01/2008)