O momento é este. O Rio Grande tem que crescer. Esta é a palavra de ordem que começou a circular nos meios empresariais gaúchos que se servem das hidrovias, de forma precária, e acreditam que todo o potencial do setor precisa ser explorado se o Estado quiser diminuir os custos dos transportes de cargas entre várias regiões e o porto do Rio Grande. Ao contrário do que deveria acontecer, o uso das hidrovias diminuiu, nos últimos anos, por falta de investimento e vontade política de usá-las. Há 10 ou 15 anos, tínhamos 1.200 km de hidrovias; hoje, encolhemos para 800 km. No governo de Flores da Cunha, o Estado tinha até uma frota própria, inclusive com navios frigoríficos que escoavam a produção de carne.
Hidrovia II
Foi necessário que uma grande multinacional estrangeira, a Aracruz, resolvesse investir no transporte de celulose por hidrovia - idealizando um terminal em São José do Norte - para que os gaúchos se voltassem novamente para o setor. O rio Gravataí, que possui vários terminais que movimentam 2 milhões de t/ano de carga, vive enfrentando encalhes por falta de dragagem em apenas dois quilômetros de rio.
Como sugerem a Associação Brasileira de Terminais Portuários e o empresariado, só um órgão específico para as hidrovias poderá desencalhar o setor. Também será necessário examinar melhor os locais de instalação de futuras indústrias. Quanto mais perto dos rios, melhor, porque, sem carga, não adianta montar estruturas de logística, como diz a engenheira Marisa Bittencourt Forneck, especialista da Sedai em transportes.
Hidrovia III
Uma das empresas que acredita no transporte hidroviário gaúcho, e vem se dando muito bem, é a Navegação Aliança, que ao completar 75 anos no mercado se prepara para novo investimento. Vai aplicar R$ 15 milhões na construção da segunda embarcação da série Fundadores. O barco será construído no estaleiro da própria empresa, em Taquari. Cerca de 70 vagas serão abertas para realizar este projeto e as contratações devem começar a acontecer a partir de julho. A Aliança conquistou a recomendação para a Norma Internacional de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, a OHSAS 18001 pelo Bureau Veritas Certification. É a primeira do setor, no Estado, a obter esta recomendação, que significa que a empresa está se tornando uma referência nacional na área de segurança, saúde e meio ambiente.
(Por Danilo Ucha, JC-RS, 30/01/2008)