Pelo menos mil hectares da Estação Ecológica do Taim foram queimados em um incêndio que começou no fim da tarde de segunda-feira
Com vegetação composta essencialmente por junco, a área é de difícil acesso e dificultou o trabalho de equipes da Brigada de Combate a Incêndio da estação, funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e bombeiros da região sul do Estado.
O fogo atingiu o chamado Banhado do Taim, onde vivem centenas de espécies de aves, mamíferos e répteis. Segundo o chefe da estação, Amauri Sena Motta, ainda não é possível identificar quais animais foram atingidos, mas alguns, como as coscorobas (uma espécie de ave) têm mais chance de ser prejudicados, pois há muitos ninhos na região neste período, quando se encerra seu ciclo de reprodução.
- Depois do combate final ao fogo, será possível avaliar se animais como capivaras, cachorros-do-mato e lontras também morreram - disse.
Ontem, às margens da BR-471, na estrada que liga Rio Grande a Santa Vitória do Palmar, era possível avistar a fumaça proveniente do incêndio. Pela manhã, o fogo se alastrou mais devido ao aumento da força do vento nordeste na região. À tarde, o principal foco ficava numa área a cerca de sete quilômetros para dentro da rodovia, o que dificultou o acesso.
Equipes da Brigada de Incêndio da reserva passaram a noite tentando controlar o fogo, usando abafadores e bombas-postais. Pela manhã, voltaram exaustos e machucados com os cortes provocados pelo junco.
Caminhões-tanque dos bombeiros não foram usados, pois não teriam acesso ao local. À tarde, um helicóptero do Ibama fez sobrevôos na região levando água. Carregado com 550 litros, fez 25 lançamentos da carga sobre as áreas mais críticas para atenuar o incêndio.
No fim da tarde, a chuva por cerca de uma hora ajudou no combate às chamas. Às 19h de ontem, os sobrevôos foram encerrados, mas o combate às chamas entraria noite adentro.
Para o chefe da reserva, esta pode ser considerada uma catástrofe ecológica. O último incêndio de grandes proporções registrado ocorreu em 1994. Segundo fiscais do Ibama, a suspeita é de que um andarilho possa ter iniciado o fogo. Ele foi abordado segunda-feira, logo após o início do incêndio, portando isqueiros e cigarros artesanais. Natural de Bagé, o homem teria problemas mentais e recém havia saído de um hospital psiquiátrico de Pelotas.
(Por Rodrigo Santos, Zero Hora, 30/01/2008)