O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) não está nem aí para a situação do Espírito Santo em relação à sardinha: o litoral capixaba foi excluído de pesquisa sobre a espécie, que está sendo realizada no Sul e no Sudeste do País. O Instituto mantém a mesma postura do Ibama, de onde surgiu por desmembramento, em relação à sardinha no litoral capixaba.
Segundo a assessoria do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a pesquisa sobre a sardinha está sendo realizada pelo Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (Cepsul).
Para isto, o Instituto Chico Mendes fez parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Os estudos são feitos com o "cruzeiro Ecosar IV, que avalia a quantidade de sardinha-verdadeira disponível na costa Sudeste e Sul do Brasil".
No Sul e Sudeste em termos: mantendo a postura do Ibama, o Instituto Chico Mendes ignorou o Espírito Santo na pesquisa. Os capixabas denunciaram a omissão do Ibama, considerando que os estoques da sardinha verdadeira, cientificamente sardinella brasiliensis, está sumindo do litoral do Estado. O litoral capixaba já teve sardinha em abundância, da mesma forma que o peroá, entre outras espécies.
Informa o Instituto Chico Mendes que será feita a "avaliação da biomassa instantânea (quantidade) de sardinha-verdadeira". O navio usado na pesquisa "é equipado com instrumentos acústicos para avaliar a ocorrência da espécie e estimar o tamanho de seu estoque, além de também coletar dados fundamentais para a descrição detalhada das características oceanográficas da região pesquisada". A técnica utilizada é denominada "avaliação acústica com ecointegração".
A pesquisa começou no dia 16 de janeiro e está programada para até o dia 2 próximo. Diz o Instituto que "para cumprir todas as metas propostas, os pesquisadores contam também com o apoio do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), do Instituto de Pesca de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)". A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que tem programa de graduação e pós-graduação (doutorado e mestrado) em oceanografia, foi ignorada.
Informa ainda o Instituto Chico Mendes que "o trabalho interinstitucional pretende também reunir amostragens para atualização dos parâmetros biológicos e a revisão das informações sobre a curva de crescimento da espécie, a extensão do período reprodutivo, fecundidade, disponibilidade de ovos e larvas na massa d´água, identificar a possibilidade da existência de diferentes populações, verificar o risco de contaminação dos peixes por metais pesados e organoclorados e, ainda, estimar o potencial disponível à pesca da sardinha-verdadeira".
E que "os dados auxiliarão nas ações de ordenamento pesqueiro para a conservação da sardinha-verdadeira, uma vez que ela é o alimento de inúmeras outras espécies marinhas, além de ser responsável pela manutenção de dois importantes elos da cadeia de processamento industrial de pescado: as conservas (enlatados) de atum e de sardinha. O ordenamento pesqueiro é a conjugação de ações do poder público, que visam promover o manejo pesqueiro, tais como as paradas de pesca (defesos), definição de tamanho mínimo de captura, delimitação de áreas de exclusão da pesca, limitação do poder de pesca das embarcações, entre outros".
Com a exclusão do Espírito Santo da pesquisa, o Ibama e o Instituto Chico Mendes deverão manter o Estado fora da proteção da sardinha, como fez este ano.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 29/01/2008)