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desmatamento da amazônia
2008-01-29
A posição de Lula em relação ao desmatamento sujeita-se ao interesse dos "partidos da base" e, sobretudo, do PMDB

Chamado de mentiroso em jornais de importância internacional, por ter desmentida pelo próprio governo a sua proclamação de êxitos na redução do desmatamento amazônico, Lula continua driblando o tema, o que reflete em público a posição voltada para dentro do governo. A determinação crítica à ministra Marina Silva, por acusar os agropecuaristas, foi seu pronunciamento mais incisivo até agora: "Não é hora de acusar ninguém", frase que só não é inacreditável por ser de quem é. Por que não seria hora?

No "Café com o Presidente" de ontem, Lula preferiu voltar a perder tempo com a bobice de que "tem gente que torce pro Brasil andá pra trás", em alusão aos oposicionistas. Na reunião ministerial, com sua típica explosão demográfica, Lula desperdiçou o tempo com a tolice de que "ficamos [lá eles] cinco anos juntos, sentamos nesta mesa, mas depois passamos um ano sem conversar entre nós. Penso que entre vocês existe pouca conversa política, que meses e meses vocês não conversam entre si". O "passamos um ano" é de responsabilidade pessoal do próprio Lula, que passa meses sem chamar um ministro a despacho. E da falta de conversa entre ministros, quase fica a insinuação de que a Abin os ouve sempre, porque Lula não teria como saber quem conversa com quem. Mas, no "Café", como no blablablá com os ministros, o que lhe interessava era só a exibição marqueteira.

A determinação de que "não é hora de acusar ninguém", clara proteção aos grandes desmatadores, e a fuga ao tema do desmatamento têm pouco ou nada a ver com o problema que os motiva. Completam-se em sua razão deprimente: até em relação ao desmatamento a posição de Lula sujeita-se ao interesse dos "partidos da base" e, no caso, sobretudo ao interesse das relações estaduais do sempre comprometido PMDB. "Não é hora de acusar" os grandes desmatadores porque, ou são parte dos governos e esquemas partidários no Mato Grosso, no Pará, Amazonas, Rondônia, ou são financiadores políticos.

O tom de surpresa que o governo quis dar aos dados do desmatamento feito em 2007 é inverdadeiro. Desde meados do ano passado o alerta para a reaceleração do desmatamento, em proporções irreversíveis, estava dado na Amazônia, com indicação mais importante por parte do representante do Greenpeace por lá, Paulo Adário, que faz trabalhos muito respeitados. Os alertas foram até publicados. E logo depois o Ministério do Meio Ambiente dava sinais de conhecer o retorno feroz do desmatamento, e considerar medidas para reprimi-lo. Só na Presidência ninguém sequer leu jornais. Melhor assim: fica mais fácil proteger os desmatadores aliados, sejam diretos ou indiretos.

Era uma vez

No começo do ano, Geraldo Alckmin recebeu o emissário de uma mensagem política valiosa para sua batalha com José Serra. Vinha do PMDB de Quércia e informava da disposição de apoiar a candidatura de Alckmin a prefeito paulistano, um peso com inevitável repercussão nos peessedebistas que temem fragilidades na candidatura serrista de Gilberto Kassab para disputar com Marta Suplicy. Alckmin não procurou logo os ofertantes. Mais tarde, ficou de fazê-lo em dias. Não fez. Não fez até agora.

Diante de tamanhas percepção e habilidade políticas, o apoio evaporou.

Lobismo

Interessante: volta e meia repete-se, em jornais variados, a "notícia" de interessar ao governo que a Brasil Telecom, se vendida, fique com um grupo brasileiro, mas só facilitará o negócio se o sócio BNDES tiver preferência ou poder de veto a estrangeiros, em caso de outra venda da empresa.

É evidente a finalidade lobista das reproduções insistentes da lengalenga. A gravidade deste assunto, porém, está é na armação de um negócio, com participação do governo e do presidente da República, proibido por lei e, portanto, dependente de que Lula emita um decreto de alterando a legislação -o que constituiria benefício à Oi/Telemar sócia de um de seus filhos. O argumento do repentino nacionalismo não resiste à confrontação com os muitos liberalismos ofertados ao capital estrangeiro.

(Janio de Freitas, Folha de São Paulo, 29/01/2008)


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