Neste ano, a União da Vila IAPI apostará em um assunto tão popular quanto o Carnaval. A poluição e o aquecimento global serão representados pela escola com o samba-enredo "Gaia, Terra: um coração que pulsa – o grito de alerta que ecoa pelo ar". Seis carros e 16 alas, todos confeccionados com material reciclado, entrarão na avenida no segundo dia de desfiles, a partir das 23h27.
Para mostrar que leva o assunto a sério, a Vila iniciará com uma contestação ao próprio símbolo. O Trem da Vila, representante da poluição, será trazido no carro abre-alas enfeitado com elementos da natureza. Na seqüência, uma fábrica e uma favela, representante da poluição visual e da sobrevivência pela reciclagem, serão o contraponto ao carro Equilíbrio Ecológico, no qual toda a natureza será mostrada com muita cor e alegria. Para fechar o desfile, o carro Aquecimento Global trará um grande sol e o Degelo Intolerante irá representar o derretimento das calotas polares.
No Carnaval 2007, quando ficou em terceiro lugar, a Vila contou a história da América na avenida. Segundo o carnavalesco Sérgio Guerra, neste ano a idéia é evoluir e falar sobre o mundo. O assunto mais falado na atualidade, o aquecimento global, se encaixou na proposta da escola. Um grup de nove pessoas trabalha desde dezembro em um barracão repleto de material retirado do lixo. "Vamos mostrar para os jurados que podemos transformar lixo em luxo", diz Guerra.
A Escola de Samba União da Vila do IAPI foi fundada em 21 de março de 1980, adotando como símbolo a locomotiva da alegria e as cores vermelha, azul e branca. Caracterizando-se por desfiles alegres e por adotar temática criativa, a Vila, como o povo a denominou, teve rápida ascensão nos anos 80 e escreveu páginas de importância comprovada na história da cultura popular da cidade.
Conheça letra do samda-enredo
"Gaia, Terra – O coração que pulsa, um grito de alerta que ecoa pelo ar"
Compositores: Victor Nascimento, Leandro Chiappetta e Roberto Nascimento
Fazendo um alerta para o mundo
o trem da alegria hoje vem anunciar
em tempos de exploração
o caminho é preservar
protegendo a mãe terra
que do caos inicial se originou
no início o que se via era harmonia
mais ao passar do tempo a ganância imperou
desmatar não tem porque
não leva a nada, é ilegal
é preciso por a mão na consciência
plantar o bem, vencer o mal
a nossa água um dia pode acabar
se a sociedade insistir em esbanjar
e não valorizar
sinto poluição em nosso ar
fazendo aquecer a terra... é hora de acordar
e hoje eu sou ecologista na folia
e reciclando com alegria
vou lutando pela paz ambiental
a vila traz a esperança
que a vida pode ser melhor
pois o futuro desse planeta
quem faz é o homem conservando a natureza
(Ascom Prefeitura de Porto Alegre, 28/01/2008)