Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Escola Superior de Agircultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP)
Ano: 2005
Autora Michelle Cristine Cogo
Contato: mccogo@gmail.com
Resumo:
As águas superficiais da Amazônia, que englobam, dentre outros, rios das mais variadas ordens, desde pequenos igarapés, até o rio Amazonas, um dos maiores do mundo, são um componente importante do funcionamento deste ecossistema de escala continental. Um paradigma acerca dos sistemas fluviais é que estes integram os processos que ocorrem em suas bacias de drenagem e, portanto, alterações na cobertura vegetal e nos usos da terra, podem interferir diretamente nos parâmetros físicos e químicos dos compartimentos aquáticos. Algumas áreas da Amazônia, como o Estado de Rondônia, por exemplo, têm sofrido alterações substanciais nas suas bacias de drenagem e as conseqüências destas nos sistemas fluviais ainda são pouco compreendidas. Sabe-se que a conversão de florestas em pastagens, o tipo de alteração mais comum nos ecossistema de Rondônia, resulta na compactação dos solos e no aumento da erosão. Ao mesmo tempo, diversos estudos têm demonstrado que os sedimentos em suspensão, carreados nos rios, podem ser importantes fontes de carbono e outros nutrientes limitantes para o metabolismo aquático. Com base nestas premissas, este estudo visou avaliar a importância dos sedimentos em suspensão grossos (maiores que 63 µm) e finos (menores que 63 µm e maiores 0,1 µm) no metabolismo de alguns rios de Rondônia, sob diversas coberturas e usos da terra. Para tal, as concentrações destes sedimentos foram artificialmente aumentadas em amostras incubadas no escuro, nas quais os consumos de oxigênio indicaram as taxas respiratórias. No caso dos sedimentos em suspensão finos, observaram-se aumentos nas taxas respiratórias em praticamente todos os casos nos quais suas concentrações foram aumentadas. Os sedimentos em suspensão grossos, por outro lado, somente favorecem aumentos nas taxas respiratórias nos períodos de maiores precipitações. Estes resultados relacionam-se com a composição dos sedimentos. Sedimentos em suspensão finos, por sua maior capacidade de adsorver substâncias orgânicas e nutrientes, constituem uma fonte permanente de substrato para o metabolismo aquático. Sedimentos em suspensão grossos, por outro lado, somente carreiam fração substancial de material orgânico durante o período de maiores precipitações, quando os solos são “lavados” pelas enxurradas. Apesar destas diferenças no papel relativo destas duas frações do material particulado no metabolismo destes rios, fica evidente que o aumento da erosão pode acarretar mudanças significativas no metabolismo dos sistemas fluviais da Amazônia.