(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
água potável impactos mudança climática crise da água
2008-01-29
Se a elevação do nível do mar obrigasse a evacuar a Casa Branca em Washington, posso assegurar que seria muito diferente a atitude do mundo diante do aquecimento climático. Foi isso que aconteceu há pouco com um dos edifícios da sede da Presidência da República de Kiribati, o que forçou à mudança do meu escritório para áreas mais altas. Para o povo de Kiribati, uma nação insular de apenas 105.400 pessoas que habitam 33 atóis espalhados no Oceano Pacifico central, o aquecimento e o aumento do nível do mar são perigos muito reais. Como documentou o Programa Ambiental do Pacifico Sul, duas ilhotas desabitadas, Tebua Tarawa e Abanuea, desapareceram sob as águas em 1999.

A água, ou melhor dizendo, a falta dela, também constitui um problema grave para várias ilhas do Pacifico, especialmente para o grupo dos Pequenos Estados Insulares que não possuem sistemas fluviais e dependem de delicados recursos hídricos subterrâneos próprios dos atóis coralinos. Nesse grupo estão, entre outros, Palau, as ilhas Marshall, Kiribati, Tuvalu, Naurú, Niue e Ilhas Cook. As ilhas de Kiribati carecem de terras suficientes para represas ou lagos artificiais. E a maioria de nossa população não tem depósitos para armazenar água. Dependemos, portanto, das correntes subterrâneas.

Entretanto, conforme a terra se reduz, também diminui sua capacidade para reter esses recursos a ponto de não poder fornecer água doce suficiente para a população. A perda de território também provocará maior erosão costeira. Sempre reconhecemos a necessidade de conservar nossas reservas hídricas. É vital que o façamos por nossa extrema fragilidade diante de qualquer seca ou da invasão de águas marinhas nos lençóis de água doce. A natureza porosa de nossos solos de origem coralina faz com que os olhos d’água sejam muito vulneráveis à contaminação.

Portanto, a falta de água potável não é rara, e, quando esta existe, manter sua qualidade para o consumo humano implica maiores custos. A densidade populacional dos centros urbanos exacerba estes problemas. Está claro que os assentamentos humanos e a mudança climática determinam a qualidade e disponibilidade das fontes de água para nossa gente. O governo e todas as comunidades devem se comprometer com sua preservação e conservação. As autoridades necessitam de uma firme vontade e direção política para proteger sabiamente os recursos hídricos.

Também precisamos melhorar os serviços de saneamento para impedir que o esgoto contamine o fornecimento. Devemos viver sobre os canais dos quais extraímos água, o que apresenta uma série de problemas de saúde pública. Estes são os desafios que temos de enfrentar. Consideramos, inclusive, a eventualidade de transportar água para as ilhas, especialmente se a chuva escassear e a água subterrânea esgotar. Meu governo decidiu adotar como lema a frase “Água para comunidades saudáveis, meio ambiente e desenvolvimento sustentável”, que será incorporada à nossa política hídrica nacional.

Essa política implica assumir várias iniciativas que abordem preocupações relacionadas com a água e o saneamento, que serão implementadas em colaboração com agências internacionais, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Porém, nossa capacidade para enfrentar estes problemas está limitada por nossa própria situação em matéria de recursos. Sem a ajuda da comunidade de doadores, não nos será fácil abordá-los.

Ao mesmo tempo, uma parte significativa do problema poderia ser abordada no plano administrativo. É muito importante que os planos de ação debatidos em fóruns internacionais, como a Cúpula da Água da Ásia Pacifico, realizada entre 3 e 5 de dezembro, em Beppu, no Japão, também sejam incorporados às políticas nacionais. Sem políticas hídricas racionais será muito difícil enfrentar estes problemas no longo prazo. Embora falte muito debate sobre estes assuntos, os mais urgentes não podem esperar e devem ser enfrentados agora. Não há tempo a perder.

(Por Anote Tong*, Terramérica, 28/01/2008)
* O autor é presidente de Kiribati desde 2003. Direitos exclusivos IPS.


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -