Proposta foi apresentada nesta sexta aos representantes dos 3 mil moradores A Prefeitura de São Leopoldo apresentou na tarde de ontem (25) aos moradores e trabalhadores das pedreiras ativas no Morro do Paula, em reunião ocorrida na Escola Municipal Bento Gonçalves, uma nova proposta para solucionar o impasse existente em torno da implantação do parque ambiental municipal que leva o nome do local. Determinado há mais de dez anos pela justiça e responsável hoje por uma dívida de R$ 13 milhões aos cofres municipais, o espaço só agora começou a sair do papel e tem como polêmicas centrais a desativação total das 64 pedreiras que hoje existem e a retirada de 3 mil pessoas que residem na área do morro pertencente ao Município. A proposta prevê o fim gradual da extração de pedras até o dia 31 de dezembro de 2010.
Segundo a Associação dos Moradores do Morro do Paula, a área de São Leopoldo compreende 64 pedreiras, algumas inativas, onde trabalham de forma direta mais de mil pessoas. De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente, Darci Zanini, que coordenou o encontro, além de extinguir a exploração das pedreiras, a idéia é manter as pessoas morando na área para que possam colaborar na implantação do parque. “A decisão judicial que vale hoje coloca o encerramento da mineração de qualquer tipo de material, a remoção dos moradores locais, recuperação dos 64 hectares do morro que são do Município e sua delimitação e cercamento. É para não tirar o trabalho das famílias de repente e nem arrancar elas de suas casas que queremos expor estas propostas ao Ministério Público e à justiça.”
TemorO diretor de Licenciamento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Joel Garcia Dias, destacou a necessidade da preservação do morro. “Entre 1993 e 2005 o morro perdeu taludes e encostas e hoje está cerca de 10 metros mais baixo do que era. Temos de terminar com a mineração no local antes que a mineração termine com o nosso morro.’’
Apesar dos apelos, os moradores se mostraram resistentes à proposta. “Trata-se do futuro de mais de três mil moradores e o poder público não nos traz soluções, apenas nos deixa com mais medo do que vem pela frente’’, afirmou o presidente da Associação de Moradores do Morro do Paula, Cláudio Rogério de Oliveira. A empregada doméstica Celita Machado Dias, 34 anos, há 23 morando no morro, lembrou que os moradores também preocupam-se com o meio ambiente. “Concordo que tem de haver preservação, mas também é preciso se pensar na sobrevivência das pessoas. Meu marido trabalha na pedreira e temos dois filhos, portanto precisamos do salário dele.”
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Jornal NH, 26/01/2008)