Em meio a debates entre empresários e políticos, surge em Davos a sugestão de um mercado de água, nos moldes do de carbono. A proposta foi do presidente-executivo da Nestlé, Peter Brabeck, que tocou num dos temas mais sensíveis em Davos: a produção de biodiesel como combustível alternativo. Brabeck alertou que a “sede” de biocombustíveis e o seu uso industrial pode esgotar os recursos hídricos.
Por isso, ele defendeu medidas para criar um mercado para a água, orientado para a sua conservação."Se permitíssemos às forças de mercado um papel para definir o preço da água, teríamos dado um grande passo em frente”, comentou.
“São precisos nove mil litros de água para produzir um litro de biodiesel. Esta estratégia, que não é a correta, é apoiada por todos os grandes governos”, disse Brabeck.
Fred Krupp, presidente da norte-americana Environmental Defense – instituição que presta apoios na área do Ambiente às empresas – também defendeu para a água um mercado semelhante ao que existe para o dióxido de carbono.
O secretário-geral das Nações Unidas,Ban Ki-moon, disse que a “água é um problema tão crítico como as alterações climáticas”. No entanto, a solução para a escassez da água é mais complexa do que para as alterações climáticas, disse Ki-moon, lembrando os impactos da escassez de água: ameaças ao crescimento económico, aos direitos humanos e à segurança nacional.
Os confrontos em Darfur, província do Sudão, por exemplo, resultam da escassez de água. “Os confrontos entre agricultores e pastores surgiram depois da falta da chuva e da água se tornar um bem escasso. Morreram cerca de 200 mil pessoas. Vários milhões abandonaram as suas casas. Mas está quase esquecido o acontecimento que foi a origem de tudo: a seca, a escassez do recurso vital para a vida”.
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CarbonoBrasil com informações do site Público e Reuters, 28/01/2008)