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plano diretor de florianópolis crescimento urbano
2008-01-28
As trilhas de Florianópolis são uma das formas mais especiais e completas de se conhecer a cidade, seus personagens, praias e paisagens, bem como seus conflitos e contradições. A quantidade e diversidade de trilhas é impressionante, e multiplicam-se as empresas e sites especializados em oferecer roteiros, dicas, imagens e mapas para os que pretendem se aventurar mata adentro, cortar os morros que atravessam Floripa ou, ainda, utilizar as trilhas como um caminho especial para chegar às praias.

As trilhas em regiões menos exploradas oferecem oportunidades especiais para se perceber que, com um rico folclore, Florianópolis é um relicário de histórias e personagens que valem a viagem e a prosa. Uma boa sugestão é conhecer as cachaças produzidas na própria Ilha, uma das tradições herdadas da colonização dos portugueses, vindos dos Açores.

Um dos principais alambiques de produção de cachaça artesanal na Ilha fica no Caminho do Sertão do Ribeirão. É o Alambique do Zeca, que produz a bebida há anos. Agora, corre o risco de ter de deixar o lugar, dentro do Parque Municipal da Lagoa do Peri - uma das principais áreas de manancial para o abastecimento de água da cidade. O dono, Zeca, promete resistir. "Isso aqui eu comprei, era do meu bisavô. Tenho escritura, pago imposto. Só saio se pagarem muito bem. Vou morar embaixo da ponte?!".

Para quem não pode ou não consegue deixar o carro em casa, é possível se chegar ao Caminho do Sertão seguindo pela rodovia que leva ao Pântano do Sul, ou pelo outro lado do Sul da Ilha, no Ribeirão. Contudo, a trilha que vai do Parque da Lagoa do Peri para o Ribeirão, saindo da praia da Armação, é certamente uma das opções mais interessantes para se chegar ao Ribeirão. A trilha possui cerca de 4 km e direito a cachoeira, bela vegetação de restinga e mata atlântica, e linda vista do Sul da Ilha.

No final do percurso, o caminhante pode se deliciar com uma bebida gelada no Bar do Sertão. E se deparar com uma Florianópolis quase parada no tempo, onde ainda predominam os pequenos sítios, as criações de gado e outros animais, muitas vezes para subsistência, e famílias que ocupam há cerca de 200 anos a mesma área.

José Bernardino Vieira é integrante de uma das famílias centenárias da região. Mora com a esposa Maria em um pequeno sítio, em que plantam e criam animais para consumo próprio, além de vender um pequeno excedente. Vieira compreende as necessidades da cidade como um todo e as novas funções desempenhadas pela Lagoa do Peri, reconhecendo que é preciso "ter água para o povo". Mas defende que "não pode maltratar as pessoas também", acrescentando que não quer deixar a área em que seus avós e pais foram criados.

Outra trilha que permite viajar pela história de Florianópolis é a Canto dos Araçás-Costa da Lagoa, com cerca de 7 km. A trilha conta com engenhos de farinha do século 19 ainda em funcionamento. Sobrados da mesma época completam a paisagem, que é agraciada por pássaros como garças e biguás. O caminho da Costa possui aprazíveis restaurantes à beira da Lagoa, aos quais se pode chegar de barco - saem do Centro da Lagoa e do Rio Vermelho, ao custo de R$ 2,00, e param em todos os 23 pontos ao longo do trajeto.

Assim como a Costa da Lagoa, as praias de Naufragados e Lagoinha do Leste contam com lindas trilhas como uma de suas poucas formas de acesso. Também se pode ir passeando de barco, saindo das praias vizinhas. As duas opções guardam lindas surpresas.

Nas trilhas, além da vegetação exuberante e diversa - integrada, entre outras, por bromélias de todos os portes e pela árvore símbolo da cidade, o Guarapuvu - as trilhas da Lagoinha do Leste e de Naufragados possibilitam encontros ainda mais intensos com a natureza. No caminho entre a praia da Solidão e Naufragados, é possível se avistar golfinhos brincando e se alimentando em meio às ondas que batem no costão logo abaixo.

Já a trilha que liga as praias do Matadeiro e Lagoinha do Leste permite com alguma sorte avistar baleias-francas no mar local, espetáculo que tem entre os meses de setembro e novembro seu ápice, e que, pra deleite dos visitantes e ambientalistas vem se ampliando nos últimos anos.

Na década de 1980, os irmãos Eduardo e Evandro Fortkamp lançaram-se à idéia de realizar uma "volta à Ilha", seguindo somente pelas praias e desbravando trilhas, costões e o mar. Segundo Eduardo, "a 'volta à Ilha' hoje, como fazíamos, é impossível", devido ao crescimento e à ocupação irregular da cidade, processo que acompanharam a cada metro de arame farpado. "O sujeito comprava um terreno do manézinho da Ilha [nativo de Floripa], construía uma mansão e cercava tudo, nem o pescador mais passava. Até o costão, o mar, tiravam dele". Evandro complementa: "a Ilha, as praias, foi tudo se transformando em propriedade particular".

Para Evandro, o crescimento e o turismo são sem dúvida importantes e viáveis, mas "tem que crescer de forma sustentável, consciente. Ele afirma que "podemos ganhar dinheiro, mas não pode passar por cima das pessoas e da natureza".

(Por Antonio Biondi, Especial para o UOL, 25/01/2008)

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