Com a comissão de técnicos e de parlamentares do Grupo de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro, estou escrevendo este artigo na base de pesquisas na Ilha Rei Jorge, do Brasil, Base Comandante Ferraz, onde um dos temas é a discussão sobre os efeitos das mudanças climáticas e a existência ou não de diminuição da massa de gelo da Antártica.
Neste ambiente, ao consultar a Internet, foi com espanto que li a matéria informando logo no titulo que a Antártica já tinha perdido vastas áreas de geleiras, publicada sexta-feira neste mesmo AmbienteBrasil, com dados detalhando até quantos milímetros tinham subido com este degelo - algo em torno de 0,3 a 0,5 mm.
Algo está errado, muito errado.
E não é a discussão se existem ou não mudanças climáticas, ou até onde elas são fruto da ação antrópica. E, sim, o que de real já sabemos e quanto destes fatos prováveis já estão nos impactando.
Sobre a Antártica, estudos brasileiros monitorando 50 anos da região onde se situa a base brasileira, realmente demonstram um recuo de vários glaciares e degelo acentuado, mas é exatamente o tema do ano polar que vivemos (ele existe de 50 em 50 anos) saber se a massa de gelo do Pólo Sul, do Continente Antártico diminui OU NAO.
Isso porque, ao mesmo tempo que as geleiras nesta região sofrem diminuição, outras áreas possuem aumento do acúmulo de gelo. O total da massa, provavelmente, continua constante, mas ainda nada se pode efetivamente afirmar.
(Por Luciano Pizzatto (*),
Ambiente Brasil, 28/01/2008)
* Engenheiro florestal, empresário e deputado federal (DEM/PR), no momento em visita à Base Comandante Ferraz do Brasil no território antártico.