A ampliação da área desmatada na Floresta Amazônia, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), preocupou vários senadores, tanto da oposição quanto da base aliada. A devastação de 3.235 quilômetros quadrados entre agosto e dezembro de 2007 foi classificado como "inaceitável" pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), antigo defensor da região. O parlamentar admitiu à Agência Senado estar "indignado" com a situação. Por sua vez, o senador Expedito Júnior (PR-RO) acredita que o Brasil precisa de "uma política séria e efetiva de combate aos desmandos praticados na região".
Na avaliação de Jefferson Péres, a preservação da Amazônia tem de ser uma prioridade nacional, principalmente agora, com o avanço do aquecimento global e das mudanças climáticas. Ele criticou ainda o governo federal pela demora na detecção desses desmatamentos. Jefferson considerou que equipes deveriam sobrevoar a região diariamente.
Na quarta-feira (23/01), o MMA e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram dados sobre a devastação, que pode chegar a 7 mil quilômetros, pois nem todos os desmatamentos ou queimadas são detectados pelo Sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real). De acordo com o senador Sibá Machado (PT-AC), o governo federal tem investido em tecnologia de observação de alta resolução em tempo real, obtendo informações mais precisas sobre a localização e o tamanho das áreas devastadas. Sibá acredita que isso facilita o trabalho dos fiscais, embora lamente que o baixo valor das multas ambientais não consiga impedir novas derrubadas de árvores.
Frente à situação, o governo federal anunciou que enviará uma força tarefa para auxiliar a Polícia Federal na região, providenciando a abertura de novos postos de fiscalização e o aumento no número de agentes para combater os crimes ambientais. Para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), isso não é o bastante. Ele defende projeto de sua autoria (PLS 110/05), aprovado pelo Senado no final de 2005 e enviado à Câmara dos Deputados, que modifica o Código Florestal com o objetivo de permitir a utilização de áreas já degradadas para o plantio de palmáceas (plantas que apresentam o tronco alto e nu e grandes folhas, como coqueiros e palmeiras). A intenção seria gerar renda por meio da produção de óleos e auxiliar na recomposição da cobertura vegetal. Na opinião do senador paraense, o atual Código Florestal não é eficaz para impedir o desmatamento na Amazônia.
Expedito Júnior também defendeu projeto de sua autoria (PLS 260/07) que institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária, um plano sustentável para expandir a produção agropecuária sem ameaçar a preservação ambiental. O parlamentar crê que a aprovação de seu projeto desestimularia a prática das queimadas, além de combater os impactos provocados pela erosão e pela diminuição do teor de matéria orgânica no solo.
(Por Augusto Castro, Agência Senado, 25/01/2008)