Construção de hotel na praia do Laranjal causa polêmica
praia do laranjal
turismo
2008-01-25
O projeto de um hotel na praia do Laranjal, às margens da Lagoa dos Patos, em Pelotas, a 251 quilômetros de Porto Alegre, está dividindo opiniões. O empreendimento de 92 apartamentos, e cerca de 1000m², vai aterrar 1 hectare, dos 150 que compõe o banhado onde foi planejado. De um lado, os moradores, que, baseados em um estudo realizado pelo Laboratório de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), acham que o aterramento causará danos ambientais e dificultará a absorção das águas da chuva. De outro, o empreendedor Irajá Andara Rodrigues, ex-prefeito de Pelotas, que defende a construção do hotel com o turismo. "O laranjal não tem um hotel, o que é uma pena. As pessoas querem ficar alojadas aqui e não conseguem, acabam indo para Santa Catarina", justifica o empreendedor, acrescentando que a área não é de preservação ambiental.
Moradores do Laranjal acreditam que a obra causará estragos ao meio ambiente. Henrique Cavalheiro Matias, morador e membro da associação dos moradores do Pontal da Barra, diz que o projeto foi planejado em área de preservação ambiental. "A praia é considerada pelos moradores como uma esponja, pois absorve o excesso de chuvas no inverno. O empreendimento vai aterrar a área, todos ficaremos no meio da água, haverá alagamentos", se alarma Matias.
"É mentira, não é uma área de preservação ambiental, quem é contra deve ser o pessoal do PT. Eu era prefeito, sou do PMDB e essa questão é meramente política", responde o empreendedor do hotel. Segundo ele, a área fica ao lado da área do Pontal da Barra, e o aterramento foi licenciado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) para ser construída "qualquer coisa". A Assessoria de Comunicação da Fepam declarou que não poderia dar informações a respeito de licenciamentos que ainda estão em andamento para não atrapalhar a análise dos projetos.
Já a obra do hotel, tem que ser licenciado pelo munícipio. Atualmente está na Secretaria de Urbanismo. Depois será avaliado na Secretaria de Qualidade Ambiental.
De acordo com Roger Peres, morador do Laranjal há 4 anos, houve mais de uma mobilização desde junho de 2007, quando os moradores descobriram que a Fepam deu licença para o proprietário fazer aterramento. Dia 23 de dezembro aconteceu uma caminhada de protestos e reivindicações, do trapiche ao Shopping Mar de Dentro. Além de moradores, comerciantes e vereadores, o protesto contou com a presença de representantes do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia (Lepaarq) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da Associação dos Moradores do Pontal da Barra, do curso de Ecologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e da Escola Dom Francisco de Campos Barreto, juntando mais de cem pessoas. Houve, ainda, uma audiência pública e está em andamento um abaixo-assinado.
"A associação dos moradores é contra e está lutando porque o local é um banhado que absorve parte da água das chuvas do balneário", repete Matias.
(Por Luiza Oliveira Barbosa, Ambiente JÁ, 21/01/2008)