Bazileu Margarido considera difícil a relação com empresas que atuam na regiãoO presidente interino do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Bazileu Margarido, reconheceu que as obras do Programa da Aceleração do Crescimento (PAC) podem ser consideradas fatores de pressão sobre o desmatamento na Amazônia.
Questionado sobre a relação entre grandes empreendimentos na região e o aumento da destruição da floresta, Margarido respondeu que o Brasil precisa chegar a um resultado que concilie desenvolvimento econômico e social e preservação dos recursos naturais.
— Em todos os países do mundo, o modelo de desenvolvimento sempre representou degradação de recursos naturais, isso ocorreu nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia.. O modelo de desenvolvimento capitalista é intensivo em uso de recursos naturais. No Brasil, precisamos provar que somos capazes de promover o desenvolvimento econômico e social com proteção dos recursos naturais. Não é algo fácil de ser feito — avaliou em entrevista na noite de ontem.
O presidente do Ibama citou o processo de licenciamento ambiental da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) como exemplo de que é possível equacionar crescimento e sustentabilidade. Segundo ele, quando o governo anunciou o asfaltamento da estrada, em 2002, o resultado foi um aumento de 500% do desmatamento da região.
— Paramos o processo, o governo fez um grupo de trabalho para propor um plano de desenvolvimento sustentável. Foram criados 8,5 milhões de hectares em unidades de conservação, terras indígenas, houve regularização fundiária — citou.
De acordo com Margarido, após as medidas, o desmatamento na região da rodovia caiu 91%. Ao comentar os números de aumento do desmatamento, apresentados na última quarta-feira pelo Ministério do Meio Ambiente, e a possibilidade de que a valorização das commodities seja uma das causas do avanço do desmate, Margarido afirmou que o governo ainda precisa aprofundar a análise dos dados para fazer um diagnóstico definitivo.
— Temos, por enquanto, uma coincidência do aumento do preço das commodities, principalmente do boi, e essa intensificação do desmatamento. Mas, por enquanto, ela é apenas uma coincidência que precisa ser melhor avaliada — disse ele.
No entanto, o presidente do Ibama reconheceu que em algumas áreas da Amazônia a expansão da agropecuária está diretamente ligada ao avanço do desmatamento.
— Em São Félix do Xingu [PA], por exemplo, é possível afirmar que a atividade pecuária cresceu bastante e foi um fator de pressão — apontou.
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Diário Catarinense, 25/01/2008)