Os governos dos Estados campeões de desmatamento tiveram reações distintas aos dados divulgados anteontem pelo governo federal. O de Mato Grosso contestou a estimativa; o do Pará reconheceu o problema e disse que lançaria um plano contra o desmatamento.
Segundo o governo mato-grossense, "a metodologia utilizada (...) não é precisa para determinar cálculo de área e tampouco [são precisas as] estatísticas para comparação de dados de desmatamento, podendo incorrer em erros e apresentar discrepâncias de números quando comparada com dados de metodologias semelhantes".
Além disso, de acordo com o governador Blairo Maggi (PR) e com o secretário estadual do Meio Ambiente, Luís Daldegan, técnicos do governo foram, em novembro passado, até áreas que o instituto dizia terem sido recentemente desmatadas e encontraram uma realidade diferente. "Cerca de 80% delas eram desmatamentos antigos ou resultado de queimadas e não novos desmatamentos", afirmou Daldegan.
Para Maggi, um dos maiores exportadores de soja do mundo, sojicultores e pecuaristas não são os culpados por um possível recrudescimento do desmate. "Essas pessoas estão descapitalizadas, não há dinheiro nem vontade de abrir novas frentes."
O secretário de Meio Ambiente do Pará, Valmir Ortega, disse ontem que a secretaria já havia identificado um aumento no desmatamento no Estado a partir de outubro de 2007.
Segundo Ortega, a utilização das terras das regiões Sudeste e Centro-Oeste para o cultivo da cana e de soja empurrou a pecuária para a região Norte.
"Com base nos dados do censo agropecuário do Ministério da Agricultura, percebemos que a pressão para o uso da terra nas região centro-sul do país com o cultivo da cana, que é uma commodity valorizada, empurrou a expansão da pecuária para o Norte", disse.
A governadora Ana Júlia Carepa (PT) disse por meio de sua assessoria de imprensa que o governo "está comprometido com a contenção e com a redução dos níveis de desmatamento". Carepa anunciou que irá lançar em fevereiro um "Plano Estadual de Combate ao Desmatamento", articulado com as políticas do governo federal.
(João Carlos Magalhães e Sílvia Freire,
Folha de São Paulo, 25/01/2008)