O aquecimento global está ocorrendo em um ritmo ainda mais rápido do que as mais pessimistas das previsões, segundo adertiu nesta quinta-feira (24/01) o ex-vice-presidente americano e Prêmio Nobel da Paz Al Gore, durante um painel na abertura do segundo dia do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Segundo ele, os resultados de pesquisas divulgadas recentemente indicam que o ritmo do aquecimento global é ainda pior do que as projeções mais pessimistas feitas pelo IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas). Segundo ele, se esse ritmo for mantido, o gelo no Pólo Ártico poderá desaparecer completamente nos períodos de verão em um prazo de cinco anos.
Gore participou, ao lado do cantor Bono, do U2, de um painel dedicado a discutir os esforços internacionais de combate às mudanças climáticas e à pobreza, dois temas de destaque na programação do fórum. Gore e Bono defenderam a união dos esforços das campanhas de combate a esses dois problemas para aumentar suas chances de sucesso.
Novas leisDurante sua palestra, Gore disse que a atuação individual de pessoas preocupadas com o problema do aquecimento pode não ser suficiente para resolvê-lo, e defendeu a adoção de novas leis e a atuação mais efetiva dos governos nessa direção. Segundo ele, ações como a troca de lâmpadas comuns por outras que consomem menos energia têm um impacto marginal no combate às mudanças climáticas.
Para Gore, o estabelecimento efetivo de um mercado internacional de carbono é uma medida que pode ter uma eficácia maior. O ex-vice-presidente e candidato derrotado à Presidência dos EUA em 2000 também criticou a posição do atual governo americano sobre o tema, lembrando que, após o novo governo australiano ter ratificado o Protocolo de Kyoto, os Estados Unidos são o único país desenvolvido do mundo a não tê-lo feito.
Gore aproveitou a oportunidade para criticar o presidente George W. Bush, que o derrotou nas urnas em 2000, dizendo que qualquer que seja o resultado das eleições presidenciais deste ano nos Estados Unidos, a questão ambiental será melhor tratada no próximo governo. Ainda assim, ele advertiu que somente por meio da pressão popular é que o governo agirá de acordo com a urgência necessária.
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 25/01/2008))