Premiê ordenou mobilização do Exército para remover toneladas de lixo acumulado diante de escolas em Nápoles. Ao preço de 250 euros por tonelada, lixo da Campânia é incinerado na Alemanha. UE pensa em punir Roma. Como primeiras medidas para conter o problema do acúmulo de 100 mil toneladas de lixo em Nápoles e região, o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, determinou a ajuda de soldados para a remoção dos sacos com dejetos acumulados diante das escolas e ordenou ao ministro da Educação a reabertura dos estabelecimentos de ensino.
Mesmo assim, voltaram a ser montadas barricadas de moradores em partes da região em volta do Vesúvio, de modo que muitos pais evitaram mandar os filhos à escola temendo conflitos como o de sábado entre manifestantes e policiais. Na manhã desta segunda-feira (07/01) Prodi reuniu-se com seus ministros para discutir estratégias para solucionar o problema, que persiste há 14 anos. A falta de um novo aterro para Nápoles, sua província e na região de Campânia levou à interrupção na coleta do lixo já antes do Natal.
Uma comissão constituída em 1994 especialmente para encontrar soluções para o problema é foco de acusações de incompetência e corrupção. Desde lá, o estado de emergência provocado pelo problema do lixo é prorrogado todos os anos.
Dispendiosa exportação para a AlemanhaUma das prioridades assinaladas pelo premiê italiano é a construção de locais para a transformação de biomassa em energia. Até o momento, vinham sendo exportados milhares de toneladas de lixo da região de Campânia para incineração na Alemanha, ao preço de 250 euros a tonelada.
Os habitantes da região são contra a abertura de novos lixões, por temerem intoxicações. Por outro lado, os médicos advertem a população urbana que ateia fogo nos sacos de dejetos amontoados nas ruas. A fumaça pode conter dioxina, altamente prejudicial à saúde. Também o poder da Camorra, a máfia napolitana, preocupa os políticos. Como os negócios ilegais com o lixo se tornaram uma importante fonte de renda dos mafiosos, as "famílias" impedem a implantação de novos lixões e centros de incineração.
União Européia preocupadaNos próximos dias, a União Européia (UE) vai se ocupar do problema, disse em Bruxelas uma porta-voz do comissário de Meio Ambiente, Stavros Dimas. A Comissão Européia já havia aberto um processo contra a Itália em junho, por desrespeitar diretrizes relativas à coleta e ao tratamento do lixo.
O comissário de Meio Ambiente exigiu do governo italiano que tome medidas concretas urgentes para a proteção da saúde pública e do meio ambiente. "Declarações de boa vontade não bastam mais", disse Dimas em entrevista ao jornal italiano La Repubblica.
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Deutsche Welle, 24/01/2008)