Envolta em uma persistente poluição do ar, apesar das promessas de realizar uma Olimpíada ecológica, Pequim planeja reduzir o tráfego da cidade pela metade durante os jogos para melhorar a qualidade do ar e aliviar o trânsito, de acordo com a mídia local.
O artigo, no “Beijing News”, disse que a frota de veículos da cidade poderia alcançar 3.3 milhões até agosto, ou seja, quase 1.65 milhões de carros e caminhões seriam tirados das ruas todo dia. A cidade irá dedicar faixas especiais ao tráfego olímpico e aumentar os transportes públicos com novos ônibus fretados para acomodar os visitantes e moradores, afirma o artigo.
Oficiais de Pequim ainda não anunciaram publicamente as medidas de contingência da Olimpíada, mas o jornal afirmou que o planejamento de trânsito havia sido completado.
A poluição do ar da cidade – considerado por alguns como o pior do mundo – é um dos maiores desafios dos organizadores da Olimpíada na cidade, com menos de 200 dias para a cerimônia de abertura no dia 8 de agosto. Muitos times olímpicos planejam treinar fora da cidade antes dos eventos para proteção dos atletas. Além de quaisquer medidas que os oficiais de Pequim tomem para reduzir a poluição, as fábricas ao norte da China podem ser fechadas durante os jogos.
“A missão de controlar a poluição e o congestionamento é difícil”, disse o prefeito de Pequim no domingo, Guo Jinlong, de acordo com a mídia estatal.
Restrições no trânsito foram antecipadas para a Olimpíada desde agosto passado, quando Pequim realizou uma experiência de quatro dias que limitava os motoristas a dirigirem em dias alternados, dependendo se a placa de seus carros terminava em números ímpares ou pares. Esse teste eliminou mais de um milhão de veículos por dia, aliviando o trânsito apesar de ter um efeito menos dramático na poluição. O jornal “Beijing News” não especificou se o sistema de revezamento de placas seria usado durante os jogos.
Na última década, Pequim se responsabilizou por medidas de limpeza e oficiais detectaram um progresso constante na redução de poluentes através do programa de monitoramento da qualidade do ar da cidade chamado “Céu Azul”. Mas um novo relatório feito por um grupo de consultoria ambiental americano levantou dúvidas sobre a validade das medidas do programa e afirmaram que apesar das garantias oficiais, a qualidade do ar não melhorou nos últimos nove anos. Pesquisadores da Universidade Peking culparam partículas que circulam no ar por quase 25 mil mortes prematuras na cidade em 2002.
Enquanto isso, oficiais da Olímpiada encaram outra controvérsia após o jornal londrino “The Sunday Times” ter relatado que ao menos 10 trabalhadores morreram em acidentes durante a construção do Estádio Nacional, conhecido como “ninho do pássaro” por causa de sua estrutura ornada de aço.
Na segunda-feira, um porta-voz do Comitê de Organização da Olimpíada de Pequim disse que a reportagem era falsa. Na terça-feira, o principal inspetor de segurança no trabalho, Li Yizhong, disse que não poderia confirmar os dados do jornal britânico. Mas como chefe da Administração Estatal para Segurança do Trabalho afirmou que sua agência pode investigar mais o assunto. “Eu não sei se alguém acobertou”, disse Li em uma coletiva de imprensa, segundo a agência Associated Press. “Então é desejável que o público relate qualquer violação para as autoridades”.
( Por Jim Yardley,
The New York Times, 23/01/2008)