Ao divulgar que o Mato Grosso foi o Estado que teve a maior área desmatada entre agosto e dezembro do ano passado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi “irresponsável” e “precipitado”, na avaliação do secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Daldegan. Ele diz que o governo não acredita nos dados do sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) e aponta que já houve erros anteriores.
Segundo Daldegan, em novembro do ano passado, o governo do Estado foi a campo para verificar dados do Deter, e chegou à conclusão de que apenas 20% das informações condiziam com a realidade. “Não é uma briga de dados, queremos ter a certeza de onde estão ocorrendo os desmatamentos para que possamos, com o governo federal, implementar as políticas necessárias”, afirma.
O secretário garante que o Mato Grosso é o Estado que mais contribui na redução do desmatamento. Ele também argumenta que, durante todo o ano passado, foram verificados 2,5 mil quilômetros quadrados de desmatamento no Estado, enquanto o Inpe constatou, apenas nos últimos cinco meses do ano, a devastação de 1,7 mil quilômetros quadrados em Mato Grosso.
De acordo com Daldegan, o governo do Estado deve se reunir nos próximos dias com o Inpe para aferir os dados. “Temos de corrigir essas questões para que possamos ter uma ação de controle. Não posso mandar uma equipe para uma área, e, ao chegar lá, verificar que não foi um desmatamento deste ano. Não podemos perder esse tempo, este dinheiro todo”, acrescenta.
Ele lembra que o governo do Estado está construindo o Plano Estadual de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Queimadas e garante que o combate ao desmatamento ilegal é está em primeiro lugar na política ambiental do estado.
Daldegan também não dá crédito a avaliações que relacionam o aumento do desmatamento com a subida do preço da carne e da soja na região. “É muito precipitado dizer que aumentou o desmatamento por causa dos commodities. Temos polígonos de desmatamento em assentamentos, onde não há plantação de soja”, argumenta.
Ele também explica que o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do país, tem autorização para desmatar na região. “Se ele tem licenciamento para desmatar dentro da legalidade, que erro ele está fazendo? Qualquer um que desmatar ilegalmente vamos coibir, mas quem tem esse direito vai ser respeitado”, afirma.
Dados divulgados na quarta-feira (23/01) pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Inpe apontam um desmatamento na região amazônica de 3.235 quilômetros quadrados entre agosto e dezembro de 2007. A maior parte dos desmatamentos detectados no período se concentrou em três estados: Mato Grosso (53,7% do total desmatado), Pará (17,8%) e Rondônia (16%).
Mais da metade dos municípios que terão prioridade para ações de prevenção e controle do desmatamento, estão no Mato Grosso. O estado também conta com o primeiro colocado da lista: Alta Floresta, seguida da paraense Altamira.
(Por Sabrina Craide, Agência Brasil, 24/01/2008)