Porto Alegre (RS) – Os agricultores têm agora mais um incentivo para produzir óleo vegetal. Na semana passada, o Ministério da Agricultura editou uma Instrução Normativa que regulamenta a cultura e a comercialização do pinhão-manso, reconhecendo o potencial do grão para a produção de biodiesel.
A planta é uma oleaginosa nativa de Minas Gerais, mas que ainda não tem zoneamento e nem recomendações técnicas. Segundo o agrônomo do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Alexandre Bourscheid, nunca houve interesse em desenvolver pesquisas sobre o pinhão-manso. No entanto, para ele, a necessidade de mudar a matriz energética deve fazer com que o governo invista mais em estudos e aumente os financiamentos para os produtores interessados nesse cultivo.
“É uma demanda por óleo vegetal. E isso sim está sendo o grande motor que está impulsionando as culturas de oleaginosas, entre elas o pinhão–manso”, diz.
O pinhão-manso apresenta várias vantagens aos produtores. Por ser uma planta, não existe a necessidade de se realizar o plantio todo o ano, e os grãos podem ser colhidos por até 20 anos. Bourscheid também afirma que os custos de produção e a rentabilidade tornam o pinhão mais atrativo do que outras culturas. Enquanto é possível extrair 2% de óleo da soja, o percentual de óleo do pinhão-manso é de 40 a 50%. O agrônomo lembra, no entanto, que ele deve ser plantado junto a outros cultivos, já que a monocultura traria diversos prejuízos aos agricultores e ao meio ambiente.
“Se plantar em grandes plantações, monoculturas, com certeza vai ter muito problema de doença e pragas. Porque a praga e a doença, na verdade, são conseqüências da monocultura”, diz.
A área de pinhão-manso está localizada principalmente no Nordeste e no Centro do país. No Rio Grande do Sul, produtores já vêm desenvolvendo estudos para a utilização do grão para produzir biodiesel. A maior concentração no Estado está na região Noroeste, com cerca de 100 mil mudas.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 23/01/2008)