Porto Alegre (RS) - O município de Ijuí, na região Noroeste do Rio Grande do Sul, pode se tornar gerador de energia eólica. O Departamento Municipal de Energia (Demei) estuda, desde 2002, uma forma de implantar aerogeradores e aproveitar a força dos ventos para abastecer parte da demanda local de energia.
O eletrotécnico do Demei, Fernando Lucchese, conta que as pesquisas iniciaram quando o município firmou um convênio com o governo gaúcho para monitorar o potencial dos ventos na região. O resultado dos estudos mostrou que Ijuí tem grande capacidade para a instalação de um aerogerador. A velocidade dos ventos na cidade fica em 6 metros por segundo, considerado um bom nível. De acordo com Lucchese, a energia eólica vai servir como uma energia complementar.
“O grande benefício aqui na nossa localidade, com a produção de vento, é justamente você ter uma complementaridade quando você precisa mais energia à noite, no sentido do consumo residencial, você teria disponibilidade de produção de uma matriz diversa, que é a eólica”, diz.
Os estudos de viabilidade precisam agora da aprovação da Câmara de Vereadores. A primeira proposta, de gerar até 5MW de energia, foi apresentada em 2007, foi rejeitada pela Câmara. Este ano, o projeto deve ser novamente votado. Estima-se que, até 2020, os aerogeradores poderiam garantir 4% das necessidades municipais de eletricidade.
A energia dos ventos se constitui hoje em uma das formas mais limpas de energia. Segundo o coordenador da Campanha de Energias Limpas da Organização Não-governamental Greenpeace, Ricardo Baitelo, os países devem a apostar cada vez mais em fontes alternativas de energia para reduzirem suas emissões de poluentes. Além disso, a energia eólica não causa os mesmos impactos sociais de outras formas de energia. Enquanto as usinas hidrelétricas deslocam grandes populações para a formação de lagos, os aerogeradores ocupam menos espaços e geram mais empregos.
“Já se demonstrou que a indústria eólica é capaz de gerar mais empregos, em proporção à energia gerada, do que todas essas energias, como a hidrelétrica, a térmica e a nuclear, porque não se trata da construção de um grande empreendimento. Você emprega muito mais gente de uma forma muito mais contínua e longa”, diz.
O custo dos aerogeradores ainda é mais alto do que o custo da energia hidrelétrica, mas é quase igual ao das usinas termelétricas e bem menor do que os reatores nucleares. Até o final do ano, o Brasil deve ter implantados mais de mil MW de energia gerada pelos ventos.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 23/01/2008)