O nível de desmatamento na Amazônia voltou a subir com força, nos últimos meses, e deve aumentar ainda mais em 2008, pela primeira vez em quatro anos, segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre. A constatação levanta dúvidas quanto à política ambiental do governo brasileiro para proteger a Amazônia, cujo desmatamento é uma importante fonte de emissão de carbono.
Dados divulgados pelo Inpe dão conta que entre agosto de 2003 e agosto de 2004 o desmatamento florestal atingiu a marca de 26.130 km2, sendo o maior registrado desde 1995 quando atingiu 29.029 km2. As informações são baseadas em estudos feitos em áreas da Amazônia Legal que abrange os estados da região Norte e inclui parte do Estado do Maranhão.
Em Roraima, o índice de desmatamento cresceu em 80% entre 2005 e 2006, não registrando crescimento no ano passado, segundo o engenheiro ambiental Walter Nattrodt, chefe da Divisão de Monitoramento da Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Roraima (Femact-RR).
As áreas desmatadas são, na maioria, ocasionadas por incêndios, onde frequentemente são registrados focos de queimadas, as quais são diariamente monitoradas. De acordo com a Femact, uma das maiores preocupações do órgão são as Áreas de Preservação Permanente das Florestas Ciliares, onde ocorre fiscalização diária..
Para a Femact, o combate ao desmatamento está sendo feito de forma ostensiva através de uma política de conscientização em instituições como escolas, associações, entidades e população, através de encontros, palestras, debates, divulgação de vídeo e de cartazes. Outra medida adotada para conscientização é o aproveitamento de solenidades ou comemorações oficiais para expor materiais de combate ao desmatamento.
Para Walter Nattrodt, os principais motivos do desmatamento em Roraima são a ocupação clandestina das áreas de pastagens e o extrativismo de madeira de forma ilegal. "Existe uma grande quantidade de abusos que nós estamos combatendo, porém muito tem que ser feito ainda para reduzir o desmatamento", enfatizou.
Quem for pego em atividade de desmatamento sem autorização, de forma clandestina, sofrerá punições que variam de multas a prisões, dependendo da gravidade da situação que for flagrado. Existe todo um aparato legal que dá respaldo para a lei ser cumprida e os infratores punidos. Porém, na prática, há uma deficiência na agilização deste cumprimento, o que muitas vezes dificulta o combate ao desmatamento.
De acordo com a Femact, para este ano está prevista uma intensificação nas ações de fiscalização, além de uma política preventiva com atos de cidadanias visando esclarecer ainda mais o desenvolvimento sustentável nas áreas permitidas por lei onde ocorre desmatamento.
(
Folha de Boa Vista, 23/01/2008)