Ontem (22), às 15h, aconteceu na paróquia da Ilha dos Marinheiros uma reunião com dezenas de moradores da comunidade local e representantes da Companhia Rio-grandense de Abastecimento (Corsan). O objetivo foi de solucionar os problemas relativos ao abastecimento e às dívidas de consumidores. Alguns moradores chegam a estar devendo R$ 3 mil.
Segundo a comunidade local, eles ficaram quase um mês sem abastecimento de água em suas residências, mas o gerente da companhia, Eduardo Guimarães, comentou que o não-fornecimento de água aconteceu pelos problemas na manutenção dos moradores. Ele diz que canos da rede foram quebrados e deslocados para açudes e que o abastecimento aconteceu normalmente.
O morador Admilson Caseira, que teve seu abastecimento de água reduzido para 20% no último mês de dezembro, diz que quer quitar a sua dívida. "A conta está no nome do meu pai, quero o nome dele limpo", comenta. A dívida já havia sido negociada em 2004, e foi feito com um parcelamento pela Corsan, mas, segundo os moradores, os hidrômetros das residências foram retirados e as parcelas aumentaram.
Na reunião, primeiramente os moradores sugeriram que fosse zerada a dívida, mas o gerente da Corsan, Eduardo Guimarães, afirmou que não tem subsídios para possibilitar essa negociação. "Não posso, legalmente, abrir mão da arrecadação", diz.
Os moradores por diversas vezes ressaltaram que são pescadores artesanais e que a sobrevivência deles depende da safra de camarão.
Segundo o vice-presidente da associação dos moradores da ilha, Nilton Machado, o aumento nas parcelas da dívida ocorreu depois que a companhia decidiu retirar os hidrômetros das casas. "Eles pagavam o que dava para pagar, depois os valores aumentaram e não teve como quitar", diz.
Outra solução citada por Guimarães foi abrir um balcão de negociações, parcelando as maiores dívidas em até 90 vezes, mas a comunidade não ficou satisfeita, pois alega que o valor sugerido para a parcela, de R$ 32, é alto para as famílias que têm renda muito baixa. Existem 276 residências oficialmente cadastradas na comunidade, mas, segundo o gerente da Corsan, hoje existem quase 500, das quais apenas 46 estão com o pagamento em dia. "Todos os moradores são subsidiados com 60% de desconto no pagamento de conta", diz Guimarães.
No final da reunião, os moradores sugeriram a moratória, um período sem cobrar as dívidas, mas apenas as contas atuais. A resposta, no entanto, só será dada, na sexta-feira, depois da visita do presidente da Corsan, Mário Freitas, a Rio Grande. Guimarães disse que vai aproveitar a ocasião para tentar buscar soluções para o problema. "Sexta-feira entrarei em contato com a associação, terei algum posicionamento", disse.
O objetivo da companhia, até o segundo semestre de 2009, é extinguir os chamados "gatos", instalações ilegais, e padronizar o sistema de abastecimento. "Cada residência terá a sua ligação, com o seu relógio e seu medidor", afirma Guimarães.
(Por Gabriela Torales, Jornal Agora, 23/01/2008)