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segurança alimentar alta no preço dos alimentos
2008-01-23
Os preços de alimentos atingiram recordes pelo mundo inteiro em 2006, e todos os sinais apontam que irão subir ainda mais neste ano, assim como no futuro. A era do alimento barato, dizem especialistas, acabou e nós teremos que nos acostumar com isto. Isso é facilmente percebido quando é dito por milhões ao redor do mundo, como evidenciado em protestos no México sobre o custo das Tortillas de milho, e na Itália, no último mês de setembro, sobre o preço da massa (trigo). Eis aqui uma visão geral sobre o por quê.

O que está por trás do aumento nos preços dos alimentos?
Certamente não são más colheitas. Embora uma seca tenha atingido a tradicional e abundante colheita australiana de trigo no ano passado, as colheitas do cereal no mundo bateram 2,1 bilhões de toneladas métricas, um nível recorde da produção, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO.

Duas tendências principais têm puxado os preços dos alimentos para cima, mais rapidamente do que por mais de 30 anos. Um é que os consumidores cada vez mais prósperos da Índia e China estão comendo não somente mais comida, mas comendo mais carne. Animais precisam ser alimentados (geralmente grãos) antes de serem abatidos. O outro motivo é que mais e mais colheitas - do milho à palma - estão sendo usadas para fazer biocombustível, em vez de alimentar as pessoas.

Ao mesmo tempo, o mundo está diminuindo os estoques de cereais e de produtos derivados do leite, o que deixam os mercados nervosos e os preços voláteis.

O resultado, diz Joachim von Braun, que dirige o Instituto de Pesquisa Internacional de Política do Alimento (IFPRI), em Washington, é que “o sistema mundial de alimentação está em apuros. A situação não provocava tanta preocupação há 15 anos".

Qual o impacto do boom dos biocombustíveis nisso?
É significativo bastante para que a FAO advirta sobre os perigos de se transformar demasiadamente alimento em combustível, e para que o governo chinês, por exemplo, proíba a construção de novas refinarias que usam o milho ou outros alimentos básicos. De fato, no início deste mês Pequim anunciou cortes de imposto e subsídios para incentivar o uso de celulose, sorgo e mandioca (colheitas não destinadas à alimentação na China) para a produção de biocombustível.

Alguns analistas estimam que, cerca de 30% da colheita de grãos dos EUA neste ano, será destinada à produção de biocombustível, o dobro de 2006. O IFPRI prevê que se o mundo extrapolar os planos atuais de expansão dos biocombustíveis, o preço do milho irá subir 26% até 2020, e o das oleaginosas (tais como soja, girassol e colza) subirão 18%. Caso os governantes dupliquem esforços para a produção de biocombustíveis, o preço do milho poderá subir 72% e das oleaginosas 44% dentro de 12 anos.

Quem será mais atingido? Qualquer um beneficia-se?
Como sempre, são os mais pobres que sofrem mais. Para eles, o alimento representa um impacto muito maior nos gastos diários, em comparação com os mais ricos. Uma família em Bangladesh, por exemplo, que vive com cinco dólares diários, gasta três deles com alimentação. O aumento de 50% no custo da comida ocorrido nos últimos anos representa cerca de 30% a menos no orçamento dessa família.

Mesmo os agricultores não estão imunes. De forma geral, pequenos trabalhadores de países em desenvolvimento compram mais alimento do que eles vendem, assim, acabam perdendo o lucro obtido. São, também, poucos os camponeses que têm grandes terras arrendadas para beneficiar-se do aumento dos preços.

Entretanto, grandes agricultores de países ricos estão se dando bem: plantadores de milho nos EUA viram o preço da safra subir 50% desde 2000. Outras nações exportadoras de alimento, tais como Índia, Austrália e África do Sul, também estão tendo ganhos com a elevação dos preços.

Grandes produtores leiteiros, tal como Nova Zelândia, têm também obtido lucros com aumento do consumo de leite, iogurte e queijo na Ásia. Em conseqüência, enquanto o valor das propriedades na Nova Zelândia deve permanecer estável, nas terras planas rurais, onde as vacas podem pastar, ele deve continuar subindo, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Massey, em Auckland.

As forças do mercado corrigirão a situação, enquanto agricultores mudam para culturas mais lucrativas?
Não tão rapidamente como você pode esperar, ainda que a União Européia, o maior exportador de alimentos no mundo, tenha suspendido o programa que pagava seus fazendeiros para deixar 10% da terra não cultivada (para impedir a super-oferta).

Os preços dos cereais são considerados "inflexíveis", significando que um aumento de preço de 10% tende a impulsionar suprimentos em apenas um ou dois pontos percentuais. Hoje os preços estão elevados, mas eles estão também bastante voláteis, o que desencoraja muitos agricultores a fazer investimentos para mudanças de culturas.

Ao mesmo tempo, o mercado de combustível se sobrepõe ao mercado de alimentos. Os agricultores podem agora vender seu milho, suas palmas, ou seu açúcar às refinarias de biodiesel. Assim, o preço do óleo de palma, por exemplo, tradicionalmente o mais barato na África, é ajustado agora não pelo mercado do óleo de cozinha, mas pelo mercado do combustível.

Não ajudará a previsão de estudos recentes, de que a mudança climática, acompanhada de secas e inundações, reduzirá a produção de cereal em mais de 40 países em desenvolvimento, principalmente na África.

Onde a escassez de alimento será mais aguda?
De qualquer forma, as tendências de alta nos preços e escasseamento dos suprimentos são baseadas em problemas complexos. Às vezes são desastres naturais, como o ciclone e inundação que atingiram Bangladesh em Novembro passado, comprometendo dramaticamente os estoques de comida. Às vezes eles são obra do próprio homem, como a guerra civil na República Democrática do Congo, ou no Zimbabue, onde a inflação de mais de 7.000% e uma economia em frangalhos ameaçam as pessoas já sacrificadas pela falta de alimentos.

"Os pontos mais críticos para o abastecimento de alimentos serão onde preços altos se combinarem com fatores naturais, ou crises políticas", diz Dr. von Braun. "Estas são receitas para o desastre."

Que efeito os altos preços terão em programas de prevenção à fome?
Grandes impactos, diz o Programa Mundial de Alimento (WFP), agência da ONU responsável pela ajuda humanitária de alimentos. O WFP informou no ano passado que os estoques e fluxos de alimento para emergências tinham alcançado seus níveis mais baixos desde 1973. Os preços dos alimentos "são para nós uma grande preocupação neste momento", diz Robin Lodge, porta-voz da WFP. "Os mesmos dólares não compram mais a mesma quantidade de comida que antes", e as doações à agência estão fracas.

O WFP tem feito um grande esforço para comprar alimento de países próximos a zonas de crise, para cortar custos de transporte, e em 2007 eles tiveram 15 milhões de pessoas a menos para alimentar do que em 2006 porque houve menos emergências. "Mas nós estamos agora apertados ao máximo, assim a menos que as doações cresçam, nós teremos que reconsiderar quem nós vamos alimentar e fornecer rações" diz Lodge. "Não há nenhuma outra maneira de lidar com isto."

Muitas organizações de ajuda estão tentando comprar alimento mais localmente. A FAO está trabalhando em um programa para fornecer vales de sementes e fertilizantes a agricultores pobres, visando ajudá-los a se adaptarem às mudanças de condições climáticas.

(By Peter Ford, Christian Science Monitor, Alternet, 07/01/2008)
Traduçao de Tatiana Feldens, Ambiente JÁ

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