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mata atlântica
2008-01-23
A falta de fragmentos florestais no Estado do Espírito Santo está prejudicando até a reprodução em cativeiro de algumas espécies de rapinantes. Sem fiscalização do Estado, faltam áreas verdes dentro de propriedades rurais para a realização de solturas, e ilhados em pequenos fragmentos as espécies acabam cruzando com espécies da mesma família.

Isso fragiliza a espécie, podendo até levà-la a extinção. O alerta foi feito pelo especialista Samuel Ferreira, da Fundação Ave da Mata Atlântica Reabilitada (Amar). Segundo ele, os rapinantes de florestas estão sumindo e podem ser vistos apenas entre a Reserva Florestal da Vale e a de Sooretama, onde o fragmento de aata atlântica está bem preservado.

"Restam muito poucas aves florestais no Estado. Há ainda alguns exemplares nestas reservas que falei, em um número até equilibrado, mas por ser um fragmento pequeno isso se torna perigoso porque é filho cruzando com irmão, com primo etc. Precisamos de outros fragmentos, de novos locais preservados para a soltura de mais animais destas espécies", ressaltou ele.

Entre as espécies de aves de rapinas florestais estão o gavião-pega-macaco o gavião de penacho, o falcão-de-peito-laranja e o cauré. A Amar faz a reabilitação de espécies acidentadas, a reprodução em cativeiro e a soltura, e é justamente para garantir o sucesso deste processo que a fundação cobra dos proprietários rurais e das grandes empresas que respeitem as suas áreas destinadas para Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente (APP).

"Com apenas uma canetada teríamos 30% de área florestal preservada. Só precisamos de fiscalização do Estado e cobrança para que estas áreas sejam áreas com qualidade ambiental. Hoje temos 7% de área florestal e é necessário muito mais. Não há respeito às leis ambientais e isso pode ser visto a olho nu", afirmou Samuel.

Segundo ele, a própria população pode colaborar para a cobrança. "Qualquer um pode observar e cobrar que o Estado fiscalize isso. Há capim na beira de rio, é encosta de montanha e topo com pasto e plantios de café. Todos precisam saber que as propriedades precisam ter 20% de Reserva Legal e que é necessário respeitar as APPs. "Estamos fazendo a nossa parte, mas é necessário a colaboração do Estado", ressaltou.

Neste contexto, a Amar luta para que os fazendeiros e grandes proprietários de terra respeitem essas exigências e que o governo fiscalize as propriedades. A intenção da fundação é influenciar estes proprietários para que, além de preservarem, melhorem a qualidade destas áreas para que se tornem áreas de boa qualidade ecológica, garantindo a sobrevivência dos rapinantes florestais no Estado.

Quanto aos rapinantes de campo aberto, como o carcará, falcão-de-coleira, quiri-quiri, entre outros, o especialista garante que vão muito bem e que podem ser encontrados em abundância no norte do Estado.

A Fundação Ave da Mata Atlântica Reabilitada e o Centro Nacional de Ave de Rapina (Cenar) funcionam integrados na vila de Itaúnas, no norte do Estado.

Além disso, a Amar também desenvolve outras linhas de trabalho, como a educação ambiental através da demonstração interpretativa em escolas, eventos, parques etc. Esta demonstração consiste em fazer um vôo de ave explicando a biologia deste vôo, assim como os costumes da ave.

A intenção do especialista é integrar a população com a natureza e, assim, disseminar a educação ambiental, bem como o dever de conservar a natureza.

Esse trabalho vem sendo procurado por escolas de todo o Estado e também de diversas partes do País. O cientista é considerado um dos maiores especialistas do País no que diz respeito a aves rapinantes.

Prova disso é o casal de harpias que está na Amar. A ave, que por muito tempo foi considerada extinta no Estado (há um filhote na Reserva Natural da Vale do Rio Doce) está na fundação sob o cuidado de Samuel.

As Harpias (Harpía harpyja) são considerados o mais poderoso rapinante do planeta devido ao seu porte físico. O casal de harpia é o único em cativeiro no Estado. Uma harpia fêmea pode pesar de 9 a 10 quilos, enquanto o macho (que precisa ser mais ágil para tomar conta do ninho) chega a pesar até 5 quilos.

A Amar foi fundada em 2001 e recebe constantemente a visita de escolas da região em sua estrutura mondada nos fundos da pousada de Samuel. Além dos turistas que freqüentam a vila de Itaúnas durante todo o ano, a intenção é receber com uma estrutura apropriada as escolas do Estado, que frequentemente manifestam interesse em conhecer o trabalho com as aves de rapina e tornar-se uma referência no assunto.

Segundo Samuel, um zoológico será montado na região para abrigar as aves que não têm condições de reintegração à natureza. O zoológico será construído em uma área de 8.600 metros quadrados na entrada da vila de Itaúnas, no norte do Estado. Além do futuro zôo, a vila de Itaúnas fica situada dentro do Parque Estadual de Itaúnas.

(Por Flávia Bernardes, Século Diário, 23/01/2008)


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