Com investimentos de R$ 30 milhões, a primeira fábrica de preservativos do mundo a usar látex natural (de seringueira) deve iniciar suas atividades em até 90 dias no município de Xapuri, no interior do Acre.
Apesar de ainda não ter sido inaugurada, a mais nova indústria brasileira já está em funcionamento, fabricando algumas unidades para os testes de certificação exigidos antes de o produto entrar no mercado consumidor. A inserção dos preservativos no mercado brasileiro vai depender da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aguarda o fim do processo de certificação e a implantação do programa de qualidade por parte do fabricante.
A fábrica de preservativos com látex natural surgiu de um projeto desenvolvido pelo governo do Acre. No ano passado, ganhou força com sua inclusão em um dos novos projetos que serão apoiados e implantados nas áreas de abrangência da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) - Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e os municípios de Macapá e Santana, no Amapá.
De acordo com o diretor-presidente da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), César Dotto, além da proposta de trabalhar com uma das grandes potencialidades naturais da Amazônia - o látex de seringueira - o projeto possui outro diferencial, que é a Parceria Pública Comunitária. Os fornecedores da matéria-prima são centenas de produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada entre os municípios de Xapuri e Brasiléia. Em pleno funcionamento, a fábrica terá condições de oferecer 150 empregos diretos.
"Os objetivos desse projeto vão além da produção dos preservativos. Buscamos reduzir a importação de preservativos masculinos por parte do Ministério da Saúde, viabilizar a economia extrativista da borracha natural e a melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na região. A idéia é trabalhar a inclusão social e a promoção da cidadania do homem do interior. Para isso estamos contando com o trabalho de 420 produtores atualmente, com a meta de chegar a 700", ressalta Dotto.
O projeto é inédito no país e, segundo representantes do governo acreano, também não há notícias de iniciativas similares no mundo. Em função disso, a novidade precisou de mais tempo do que o previsto para chegar ao resultado desejado. A proposta é de que a produção atenda ao mercado nacional sob a orientação do Ministério da Saúde.
"Não existe nenhuma fábrica do mundo que utiliza o látex nativo de seringal e por isso tivemos muitos aprendizados até chegar aqui. Tivemos que realizar toda a adapatação necessária para formulação do preservativo, por exemplo. Precisamos de mais tempo. Agora estamos num processo de certificação do produto e do processo", afirma.
De acordo com a direção da Suframa, a produção da fábrica deve chegar a 100 milhões de preservativos ao ano. Além da autarquia federal, também investiram na construção da fábrica de preservativos com látex de seringueira o Ministério da Saúde - com equipamentos; a Eletronorte - com a distribuição de kits de energia para as comunidades envolvidas; a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) - com a captação de água; e o Ministério da Integração Nacional - com a melhoria das estradas da região.
Sobre as expectativas, Dotto diz apenas que espera ver o produto no mercado nacional o mais breve possível. "A fábrica já faz parte da vida dessas duas comunidades porque como eles já são fornecedores do látex e já participaram dos treinamentos necessários a esse trabalho, não dá para dizer que o processo ainda não começou. A expectativa agora não é mais de ver a fábrica funcionando e sim de colocar isso para a comunidade consumidora. Pretendemos sair o quanto antes dessa fase de certificação e fazer com que este produto esteja no mercado", acrescenta.
(Por Amanda Mota, Agência Brasil, 23/01/2008)